Covid-19: risco de aumento exponencial de hospitalizações é "muito pequeno", garante Pedro Simas

Agência Lusa , DCT
22 dez 2021, 19:41
Pedro Simas elogia comportamento dos portugueses

“Temos mais de 80% de cobertura, mas temos que chegar aos 100%”, salientou, apelando também ao uso de máscara, à testagem e ao distanciamento físico

O virologista Pedro Simas afirmou esta quarta-feira que o risco de haver um aumento exponencial de hospitalizações e mortes por covid-19 “é muito pequeno” dada a elevada cobertura vacinal, lamentando a “enorme especulação” sobre o que está a acontecer.

Em Portugal, com 89% da vacinação completa e mais de 80% de terceiras doses nos mais de 70 anos, mesmo que haja um aumento exponencial de infeções” com a Ómicron, o risco de aumentar “as hospitalizações, a doença severa e mortes é muito pequeno porque é inequívoco que as vacinas funcionam”, disse à agência Lusa o investigador do Instituto Molecular da Universidade de Lisboa.

Para o virologista, “há uma enorme especulação do que se está a passar: isso está a ser transmitido e eu sinto isso porque estou em contacto com muita gente e a sociedade portuguesa está a entrar num processo de alarme e, portanto, eu acho que é importante explicar às pessoas o que é que está a acontecer”.

É preciso explicar que Portugal está numa posição única” e que “há sinais muito encorajadores” em relação à variante Ómicron.

Há dois tipos de imunidade, diz Pedro Simas

Questionado sobre a preocupação das pessoas relacionadas com a efetividade da vacina, Pedro Simas explicou que há dois tipos de imunidade, a que protege contra a infeção e a que protege contra a doença grave.

A imunidade que protege contra a doença grave é muito duradoura muito robusta e muito eficiente e, portanto, as pessoas estão protegidas”, assegurou, sublinhando que “a pessoa que tem a vacinação completa não tem de se sentir desprotegida mesmo que apanhe a infeção”.

Destacou ainda que os dados que estão a vir da África do Sul, onde a Ómicron começou a circular, são “muito encorajadores”, indicando que há cinco dias que está em decréscimo.

A sua maior contagiosidade “não se reflete necessariamente num crescimento exponencial alarmante no número total de infeções, porque há vacinação”, disse, adiantando que já há investigação que aponta que a Ómicron é mais contagiosa do que a Delta porque tem maior capacidade de replicação na nasofaringe e não tanto no pulmão.

Eu sei que é cedo e que todos os dias contam, mas os dados que estão a sair da África do Sul são muito encorajadores e, portanto, tendo a população 90% vacinada, tendo as terceiras doses a proteger os grupos de risco que aumenta ainda mais essa proteção, tanto em doença severa como em infeção, não temos de estar com motivos de preocupação e de alarme”, reiterou.

Recordou que as vacinas foram desenvolvidas para proteger contra a doença severa, adiantando que “nunca foram muito eficientes a proteger contra a infeção, um bocadinho mais de 50%”.

“Uma só dose da vacina já protegia, a vacinação completa protege muito e a terceira dose aumenta ainda essa proteção em relação à Ómicron, ou seja, a ênfase tem de estar na percentagem de pessoas vacinadas”, vincou.

Para o virologista, a situação criada há um ano não irá repetir-se: “Eu acredito nas vacinas, acredito na ciência e não consigo vislumbrar os cenários que estão a ser projetados em relação à Ómicron” num país com esta elevada taxa de vacinação.

Há um ano, a situação era diferente, apenas 3% da população estava vacinada e só se conseguia proteger os mais vulneráveis com medidas não farmacológicas.

"Temos que chegar aos 100% de cobertura"

Para Pedro Simas, o foco deve ser vacinar com a terceira dose os maiores de 70 anos que ainda não estão protegidos.

“Temos mais de 80% de cobertura, mas temos que chegar aos 100%”, salientou, apelando também ao uso de máscara, à testagem e ao distanciamento físico.

Disse ainda concordar que, nesta fase, em que há “muita incerteza nas pessoas e na sociedade” que se repita o processo de vacinação original, até haver “dados completamente inequívocos que a Ómicron, em princípio, não vai ser um problema”.

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