Bruno Amorim, perdão, Ruben Anselmi, perdão: Ruben Amorim é para ficar no United e o Sporting agradece

22 mai, 18:00
Ruben Amorim

ANÁLISE || Fosse em Portugal e dificilmente Ruben Amorim teria possibilidade de continuar treinador de um dos maiores clubes. A derrota na Liga Europa abala a confiança dos ingleses em Amorim mas não a destrói

Bruno Amorim ou Ruben Anselmi? É incrível como, num dos maiores clubes do mundo, há paciência para aguentar a pior época do século e reforçar a aposta no homem que é uma das caras desse falhanço.

Mas esse parece ser mesmo o caminho, já que o mais do que omnipresente Fabrizio Romano já veio por aí tweetar que os donos do Manchester United veem no jovem português o homem certo para continuar um trabalho que, mais do que difícil, é ingrato.

Há mesmo um apoio da direção a Ruben Amorim depois da derrota na final da Liga Europa. Um apoio que não é público mas que será possivelmente mais verdadeiro e menos volátil que os apoios dados em Portugal - Rui Costa veio logo apressadamente garantir a continuidade de Bruno Lage, mas será que mantém toda essa confiança em caso de novo desaire já na final da Taça de Portugal?

Que margem tem, então, o ainda treinador do Manchester United? A julgar pela paciência inglesa, terá muita, mas a paciência também se esgota, sobretudo para adeptos que têm nesta a pior época de sempre na era Premier League. Pensará a INEOS (dona do clube) que Ruben Amorim não é um Bruno Lage nem um Martín Anselmi. É antes um Jürgen Klopp ou um Mikel Arteta, pelo que não há que questionar nada no imediato (Ou será que deviam os clubes portugueses ser mais como os ingleses? Fica a nota).

A próxima época é apenas a terceira em 36 anos em que o Manchester United não vai jogar competições europeias. Tempo de lamber as feridas, então, e preparar para jogar quase sempre de semana a semana. Por outro lado, haverá aí uma premonição? O primeiro título de Ruben Amorim no Sporting teve, além do peso da pandemia de covid-19, uma época sem competições europeias, já que a equipa foi eliminada logo nas eliminatórias de acesso à Liga Europa pelo modesto Lask Linz.

Certo é que o treinador português não quer ser o problema. Ainda a quente e apenas alguns minutos após a derrota em Bilbao, garantiu que, caso sintam que é ele o problema, sai de imediato e sem qualquer indemnização.

“Vamos ver o meu futuro. Estou sempre aberto. Se a administração e os fãs entenderem que não sou o homem certo, vou embora no dia seguinte sem qualquer conversa sobre indemnização, mas não vou desistir.” Isto porque há o outro lado: “Estou realmente confiante no meu trabalho. Como podem ver, não vou mudar nada na minha forma de fazer as coisas”.

Confiante, teimoso ou as duas? Durante vários anos apontou-se a Ruben Amorim o facto de que não tinha plano B no Sporting. Se as coisas estivessem a correr mal era meter Seba Coates na frente e esperar qualquer coisa. Falava-se mesmo na tal teimosia, mas o treinador sempre disse que não era por aí. É antes o acreditar no que está a ser feito.

Adeus a Viktor Gyökeres

Um dos maiores sinais de que Ruben Amorim está mesmo para ficar é que a direção já definiu quanto pode gastar em reforços na próxima janela de transferências.

De acordo com o site Goal.com, a INEOS aloca cerca de 118 milhões de euros para gastar.

Boas notícias certamente para o Sporting, já que parece difícil conseguir todos os objetivos já definidos e ainda Viktor Gyökeres, mesmo que o avançado sueco venha a sair por um valor abaixo da cláusula.

Nesta altura tudo aponta que Matheus Cunha é o alvo primordial para o ataque do United, numa transferência que deverá rondar os 74 milhões de euros. Só aí vai bem mais de metade do orçamento disponível.

Outra grande parte, cerca de 35 milhões de euros, deve ir para Liam Delap, avançado que se destacou no despromovido Ipswich Town. Com estas duas contratações fica impossível pensar que Viktor Gyökeres tenha como destino Old Trafford. É que não há dinheiro para tudo e os dois jogadores aqui falados vão jogar precisamente para aquela posição.

De acordo com a Skynews, a vitória na Liga Europa e consequente entrada na Liga dos Campeões iria significar um acréscimo de cerca de 130 milhões de euros no Manchester United - dinheiro dividido entre mercado televisivo, bilhética e tudo mais. Esse dinheiro não vai entrar e, vejamos bem, chegaria facilmente para pagar o avançado sueco.

Países diferentes

Aos atuais treinadores de Benfica e FC Porto cobra-se nem uma época inteira de falhanço porque nenhum deles fez o ano todo no banco. Ao homem que esteve largos anos em Liverpool e ao que ainda está no Arsenal alimenta-se a ideia do projeto.

Bruno Lage ganhou a Taça da Liga, pode ganhar a Taça de Portugal e, mesmo assim, dificilmente será consensual a sua continuidade. Martín Anselmi pegou no pior FC Porto dos últimos anos, num clube em mudança estrutural e num plantel manifestamente ruim e, mesmo assim, acabou por terminar no 3.º lugar.

No Liverpool, Jürgen Klopp teve de esperar três anos até aparecer algo palpálvel, a Liga dos Campeões de 2018/19. No Arsenal, Mikel Arteta nem para isso vai dando, já que o melhor que tem para apresentar em cinco anos é uma Taça de Inglaterra logo na primeira época, em 2019/20. Desde então conquistou apenas duas Supertaças de Inglaterra.

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