Portugal continua a destacar-se pelas elevadas taxas de novos casos de infeção VIH e SIDA na Europa Ocidental
A tendência decrescente de novos casos de infeção por VIH, já verificada desde o ano 2000, manteve-se nos anos 2020 e 2021. Entre 2012 e 2021, em particular, verificou-se uma redução de 44% no número de novos casos de infeção pelo vírus e de 66% em novos casos de SIDA. Os números são avançados pelo Relatório Infeção por VIH em Portugal - 2022, apresentado esta terça-feira pela Direção-Geral de Saúde e pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.
Foram detetados mais 1.803 novos casos de infeção por VIH entre 2020 e 2021, a maioria em homens situados na faixa etária entre os 24 e os 39 anos. A evolução para doença de SIDA foi diagnosticada em 415 pessoas, no mesmo período de tempo, mais uma vez com maior expressão no sexo masculino.
No biénio 2020-2021, contabilizaram-se 298 óbitos de doentes infetados por VIH, em que quase metade (46,6%) já tinham evoluído para estádio SIDA. O tempo decorrido entre o diagnóstico de infeção por VIH e a comunicação do óbito foi superior a 20 anos em 24,% dos óbitos, embora 19,8% dos óbitos tenham ocorrido no primeiro anos após o diagnóstico. Dentro desta última percentagem, 36,4% dos pacientes eram homens que praticavam sexo com outros homens.
Apesar de uma clara tendência decrescente, o relatório salienta que Portugal continua a ser um dos países da Europa Ocidental com taxas mais elevadas de novos casos de infeção, particularmente numa população mais jovem. Nesse sentido, continua a justificar-se um "forte investimento no desenho, implementação e alargamento de medidas preventivas" dirigidas a este grupo. Por outro lado, é incitado também "o desenvolvimento de ações dirigidas à prevenção da transmissão e promoção do diagnóstico precoce" a populações que verificam uma tendência mais acentuada para receber diagnósticos tardios, como homens heterossexuais e pessoas acima dos 50 anos.
O documento indica ainda algumas das iniciativas desenvolvidas no sentido de sensibilizar a população - sobretudo a mais vulnerável - para a prevenção da transmissão. Entre estas, incluem-se a distribuição de quatro milhões preservativos externos e internos, a distribuição de mais de um milhão de seringas entre a população utilizadora de drogas por via injetável e a disponibilização de milhares de testes rápidos e unidades de autoteste.