Recorde-se que a Inspeção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos, e o agente que baleou o homem foi constituído arguido
Mais de uma centena de pessoas juntaram-se hoje numa vigília no Bairro do Zambujal, na Amadora, em homenagem ao homem baleado por um agente da PSP, na madrugada de 21 deste mês, no Bairro da Cova da Moura.
"Justiça para Odair Moniz", lê-se numa faixa presa junto à associação de moradores A Partilha, do Bairro do Zambujal.
Os moradores, pelas 20:30, tocaram uma música cabo-verdiana, entoaram palavras de ordem em crioulo e largaram balões brancos junto à casa de Odair Moniz.
“Hoje às 20h, sete dias após o seu assassinato pela polícia, Odair Moniz será homenageado no seu bairro do Zambujal. Este será mais um momento para exigir justiça e para afirmar que sem justiça e verdade os moradores dos bairros não terão paz”, lê-se numa mensagem publicada nas redes sociais pela família do cidadão cabo-verdiano.
“Estaremos presentes para apoiar os entes queridos de Odair neste momento difícil. Estejam connosco também!”, acrescentou-se na publicação, difundida pelo movimento Vida Justa.
Odair Moniz, cidadão cabo-verdiano de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de 21 de outubro, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois, no hospital.
Segundo a PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial e despistou-se na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.
A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação “séria e isenta” para apurar responsabilidades, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias.
A Inspeção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos, e o agente que baleou o homem foi constituído arguido.
Na semana que passou registaram-se tumultos no Zambujal e noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados e vandalizados autocarros, automóveis e caixotes do lixo, somando-se cerca de duas dezenas de detidos e outros tantos suspeitos identificados. Sete pessoas ficaram feridas, uma das quais com gravidade.