Serhii foi imigrante em Portugal e agora volta como refugiado

28 mar 2022, 21:14

Grande parte dos refugiados que chegam a Portugal são mulheres e crianças mas há também homens entre os acolhidos. A CNN conversou com um ucraniano que conseguiu dispensa militar devido a um problema de saúde e chegou a Portugal este fim de semana a bordo de um voo humanitário da EuroAtlantic Airways.

Serhii Hladenkyy é dos poucos homens nesta sala de embarque no aeroporto de Lublin na Polónia. Tenta adormecer o filho de cinco meses. “Estes não têm culpa nenhuma mas têm de passar por isso tudo”, lamenta.

Conseguiu dispensa militar devido a um problema na visão e foi autorizado a acompanhar a família desde a Polónia até Portugal. “Apresentei os papéis na fronteira e deixaram-me passar.”

Viveu em Portugal quase vinte anos. Pouco antes da pandemia regressou a casa, a Kiev e nunca imaginou ter de voltar a fazer as malas dois anos depois.

“Isso é muito complicado. Essa vida não é grande coisa”, afirma. Confessa estar nervoso. Só vai descansar quando chegar a Portugal.

A mulher, Natalia Savvina, brinca com a filha mais velha do casal. Já esteve em Portugal de visita ao marido. Lembra-se do oceano e das paisagens mas não sabe como será viver em Portugal.

A fuga de Kiev

Decidiram fugir no dia da invasão russa à Ucrânia. Ouviram os bombardeamentos e começaram a fazer as malas.

“Pegamos nos documentos, medicamentos e alguma roupa. Toda a gente tem uma pasta em casa com os documentos principais em casa. Agarramos nessa pasta, pusemos na mala e pronto”, conta Serhii. Natalia decidiu que pôs os brincos e outras peças de ouro. “Porque ouro é ouro”.

Estiveram na estrada durante dois dias, através de estradas paralelas e não encontraram tropas russas. Chegaram em segurança à Polónia e ficaram algumas semanas em Cracóvia.

Conseguiram lugar a bordo de um voo humanitário da EuroAtlantic Airways que chegou a Lisboa este fim-de-semana com 237 refugiados, incluindo 84 crianças. “Agora já está quase a acabar. Já não vai ser preciso olhar para todo o lado, quando soam as sirenes.”

Nova vida em Fátima

Depois de aterrar em Lisboa, seguiram viagem até Fátima. Foi lá que Serhii trabalhou numa fábrica de cerâmica. Apesar do regresso inesperado, conta ir bater >á porta do antigo patrão para saber se precisam de ajuda na fábrica.

“Por mim, fico lá porque já vivi lá muito tempo e eu gostei. Mas a minha mulher não estava. Por isso a gente vai experimentar.”. 

Agora é esperar que a guerra termine mas, para esta família, o mais importante é que não ficou ninguém para trás.

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