Venezuela: dois portugueses morrem devido ao mau tempo em Tejerias

Agência Lusa , MJC - atualizada às 19:55
9 out 2022, 16:56

Chuvas torrenciais estão a afetar a região e já há pelo menos 18 mortos a registar, entre os quais um homem e uma mulher de nacionalidade portuguesa. Haverá mais de 50 desaparecidos

Dois portugueses, um homem e uma mulher, morreram em Tejerias, 70 quilómetros a sudoeste de Caracas, na Venezuela, devido às chuvas torrenciais que nas últimas horas afetaram o estado venezuelano de Arágua, avançaram este domingo fontes consulares à Agência Lusa.

O vice-ministro de Gestão de Riscos e Proteção Civil da Venezuela, Carlos Pérez Ampueda, anunciou através da sua conta na rede social Twitter que “até agora duas pessoas foram dadas como mortas e uma como desaparecida” naquela região, tendo o número de mortos devido ao mau tempo subido para 21, nas últimas duas semanas, de acordo com autoridades locais.

O cônsul honorário de Portugal em Los Teques, Pedro Gonçalves, disse à Agência Lusa que, dois comerciantes portugueses, um homem e uma mulher, faleceram arrastados pela torrente de água e de lama.

“Até agora estão confirmadas as mortes de dois portugueses (…). Estou a caminho de Tejerias, mas os acessos estão fechados, de qualquer maneira vou tentar chegar até lá”, disse Pedro Gonçalves à Lusa.

Segundo o cônsul honorário, uma das vítimas portuguesas, um homem, faleceu quando tentava proteger os equipamentos de um estabelecimento comercial. Faleceu ainda uma madeirense natural de Canhas (Madeira), proprietária do Hotel El Palmar, que foi arrastada pela água.

Por outro lado, explicou que as chuvas se registaram durante a madrugada e que dois rios, o Tuy e o Grande se uniram “arrasando com todas as casas”.

“Enquanto isso acontecia, os criminosos aproveitaram que a água ia entrando nos imóveis para roubar. O rio arrastou uma loja de venda de pneus de um português, e há informação de que várias lojas de portugueses foram afetados, entre eles, um talho, uma padaria, lojas de ferragens e perfumaria”, explicou.

Mais de 50 desaparecidos devido às enxurradas

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia e Hidrologia da Venezuela, na ultima noite registaram-se fortes chuvas com descargas elétricas em pelo menos 13 das 24 regiões do país.

As chuvas afetaram Caracas (Distrito Capital) e os estados venezuelanos de Mérida, Falcón, Yaracuy, Carabobo, Arágua, Miranda, Anzoátegui, Sucre, Monágas, Delta Amacuro, Bolívar e Amazonas.

Em Baruta Caracas, uma mulher faleceu nas últimas horas, devido ao desmoronamento de uma residência. Em Tejerias (Arágua), segundo o vice-ministro de Gestão de Riscos e Proteção Civil da Venezuela, Carlos Pérez Ampueda, “sedimentos, árvores caídas e escombros” estão a obstaculizar a circulação na Zona Industrial, Casco Central do bairro de El Beisbol.

“As operações de busca e salvamento estão em curso. Atualmente estamos sem energia (elétrica). Os funcionários realizam a avaliação dos danos e a análise das necessidades”, explicou no Twitter. Segundo a imprensa local há pelo menos 54 pessoas desaparecidas na região de Tejerias. Alguns referem também 18 vítimas mortais.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, deixou uma mensagem de apoio à população de Tejerias: "Não estão sozinhos!,

As autoridades venezuelanas estão a usar ‘drones’ (aviões não-tripulados) e cães nas operações de salvamento

“Foram ativadas equipas especiais em operações SAR (busca e salvamento, siglas em inglês) dos Bombeiros, da Proteção Civil, e do Comando Estratégico Operacional das Formas Armadas Bolivarianas (CEOFANB), e Segurança Cidadã, assim como a Unidade Especial e Busca e Análise de Cenas com tecnologia de ‘drone’ e animais caninos”, anunciou o vice-ministro de Gestão de Risco e Proteção Civil.

Carlos Pérez Ampueda, explicou ainda que “mais de mil funcionários e agentes” do Sistema Nacional de Gestão de Riscos (SNGR) continuam com o plano de busca e salvamento em Las Tejerías, município de Santos Michelena, estado de Arágua, devido ao transbordamento da ribeira de Los Patos.

Entretanto o ministro de Relações Interiores Justiça e Paz da Venezuela, Remígio Ceballos Ichaso, explicou que a Venezuela está sob o efeito de um fenómeno meteorológico conhecido localmente como “vaguada” - aumento de massas de ar quente e húmido numa área de baixa pressão atmosférica, situada entre áreas de pressão mais elevada (anticiclones), com massas de ar muito mais frio e pesado que originam nuvens de desenvolvimento vertical e chuvas) -.

“Formou-se rapidamente uma ‘vaguada’ ao norte da Venezuela, sobre as Caraíbas, reforçando ainda mais as condições pluviométricas em grande parte do país (…) prevalece a nebulosidade com aguaceiros; estamos a atender e a monitorizar as emergências devido às fortes chuvas registadas”, explicou.

Segundo o ministro as chuvas são “mais fortes” em Zília, Los Andes, Llanos Occidentales, La Guaira, Distrito Capital, Amazonas e zona Insular, prevendo-se que nas próximas horas haja “um aumento da nebulosidade com chuva e atividade elétrica no país, devido ao complemento dos efeitos do aquecimento diurno”.

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