“Isto não é a Disneyland”. Turistas roubam gôndola avaliada em 60 mil euros e acabam detidos em Veneza

CNN , Por Julia Buckley
25 out 2022, 15:00
Turistas roubam Gôndola e acabam detidos em Veneza

Mais uma semana, mais uma série de comportamentos deploráveis por parte dos turistas em Itália. Depois de uma mulher ter pousado nua nos degraus da catedral de Amalfi, dois turistas foram detidos por alegadamente terem roubado uma gôndola em Veneza.

A dupla, alegadamente de nacionalidade francesa, é acusada de roubar a gôndola da estação Accademia, ao lado da famosa ponte com o mesmo nome, para dar uma volta ao longo do Grande Canal, na madrugada de quinta-feira.

O dono da gôndola, Giorgio Bognolo, disse que os conteúdos do barco (uma capa, almofadas, decorações e outros artigos no valor de várias centenas de euros) foram atirados ao canal, antes de ser roubado.

O proprietário da embarcação acrescentou  que a dupla foi detida quando três moradores, que ali viajavam de barco, repararam na gôndola a ziguezaguear para trás e para a frente ao longo do canal, e perceberam que algo estava errado.

 

Os turistas atiraram os interiores e decorações da gôndola de Bognolo para a água.

“Estavam a rir”

Para além de poderem ser acusados de roubo agravado, a dupla está também perante um processo civil por danos materiais por parte de Bognolo.

O gondoleiro disse à CNN que foi chamado às 3:10 da manhã pela polícia, que havia identificado o barco como sendo seu. “Estavam a usá-la como canoa, mas uma gôndola não é como uma canoa. Ela não anda diretamente para a frente”, disse ele. “Não é um barco fácil de manobrar, move-se aqui e ali e para. Rema-se de pé, com a forcola”, o pedaço de madeira curva em que o remo único encaixa.

“Três rapazes viram imediatamente que tinha sido roubado, pararam-nos e chamaram a polícia. Salvaram a minha gôndola, caso contrário quem sabe onde teria ido parar pela manhã”.

Bognolo disse que os dois turistas, ambos do sexo masculino e com cerca de 30 anos de idade, estavam a rir quando ele chegou para identificar a sua gôndola, que parou no Museu Guggenheim, a cerca de 300 metros do seu ponto de partida.

“Eles pareciam felizes, muito felizes. Não pareciam arrependidos, não pediram desculpa. Eram muito insensíveis, foi feio, foi o que me magoou. Estavam a rir como se fosse tudo uma brincadeira”.

“Eles fizeram uma coisa muito feia. Se eu fizesse algo assim em França, estava preso. Tiveram muita sorte (de o terem feito em Itália). A polícia manteve-nos separados, mas eu gostaria de lhes ter dado uma bofetada”.

A dupla de turistas roubou a gôndola enquanto esta se encontrava atracada junto à Ponte Accademia.

As gôndolas não são barcos baratos produzidos em massa. Bognolo diz que a sua embarcação esculpida à mão e incrustada custa 60 mil euros, e que gasta 3 mil euros por ano a repintá-la.

“As gôndolas são muito delicadas e bonitas, e é preciso muito dinheiro para tomar conta de uma”, disse. “É como mandar a sua filha para a escola bem arranjada. Gastei muito dinheiro para a conservar. Sinto-me como se alguém tivesse tocado na minha mulher ou na minha filha”.

“Isto não é a Disneyland

O advogado de Bognolo, Augusto Palese, disse à CNN que o seu cliente está a exigir uma indemnização pelos artigos alegadamente atirados para o canal, juntamente com os riscos e danos na embarcação, que correspondem a cerca de 10 mil - 15 mil euros. Serão também requeridos danos por perda de lucros durante os dias em que estiver a ser consertada, acrescidos de "danos morais".

O dono da embarcação espera concluir a ação civil em cerca de um mês, enquanto o processo penal pode demorar até seis meses. Bognolo disse que prosseguir com as acusações não se trata apenas do dinheiro.

“Se as pessoas fazem estragos, precisam de pagar por isso, mas é também em prol da nossa imagem”, disse ele à CNN.

“Muitas vezes as pessoas pensam que vêm para a Disneyland, ou para um parque temático. Mas na realidade, uma gôndola é algo que pertence a alguém que precisa de viver e trabalhar. Não se pode simplesmente roubá-la. A gôndola é um símbolo. Danificá-la é como atirar pedras à Torre Eiffel”.

Ainda na semana passada, o chefe da polícia municipal de Veneza (outra força policial, que não esteve envolvida neste incidente), Gianfranco Zarantonello, disse à CNN que os turistas “roubam gôndolas”. “Durante o Ano Novo, caíram para dentro de água e quando chegámos, um deles estava a morrer de hipotermia. Nós salvámo-lo”, disse ele.

A CNN contactou a polícia de Veneza Polizia di Stato para obter comentários.

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