Câmara de Lisboa aceita contribuir para criação de monumento ao general Vasco Gonçalves

Agência Lusa , CF
27 jul 2022, 23:05
Entre na Câmara Municipal de Lisboa com Carlos Moedas e Manuel Luís Goucha

“Vou dar ordem para que isso aconteça e para que se possa começar a trabalhar nesse sentido”, garantiu Carlos Moedas

O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), aceitou esta quarta-feira o desafio da Associação Conquistas da Revolução de trabalhar em conjunto na proposta de criação de um monumento de homenagem ao general Vasco Gonçalves (1921-2005).

“Em relação, concretamente, à construção de um monumento, eu penso que trabalharemos convosco um bocadinho mais na definição desse monumento, se seria uma estátua ou se seria um busto”, afirmou Carlos Moedas, em resposta à intervenção do presidente da Associação Conquistas da Revolução, Manuel Begonha, que apresentou a proposta na reunião pública da Câmara de Lisboa.

O social-democrata referiu que houve já algumas homenagens feitas pela Câmara de Lisboa ao general Vasco Gonçalves, inclusive a atribuição do seu nome a uma rua junto à Quinta das Conchas, considerando que “é importante para a democracia” continuar a homenageá-lo na cidade.

“É óbvio que, para nós, será sempre uma honra e um gosto continuar a homenagear o senhor general Vasco Gonçalves”, reforçou o presidente da Câmara de Lisboa, manifestando a disponibilidade do município de trabalhar com Associação Conquistas da Revolução: “Vou dar ordem para que isso aconteça e para que se possa começar a trabalhar nesse sentido”.

O presidente da Associação Conquistas da Revolução decidiu apresentar a proposta na reunião pública da câmara, por “não ter havido qualquer resposta” do autarca Carlos Moedas a três pedidos de reunião, o primeiro enviado em 14 de fevereiro deste ano, depois em 2 de março e em 8 de abril.

Homenagear um general que é "um exemplo, sobretudo para os jovens"

Manuel Begonha, presidente da associação criada em 2012 para preservar a memória, vida e obra do militar e político que foi primeiro-ministro durante quatro governos provisórios a seguir à Revolução do 25 de Abril, disse que a criação de um monumento para recordar a vida e obra do general Vasco Gonçalves (1921-2005) é “de excecional valia para o município de Lisboa e para Portugal”, indicando que a elaboração do projeto foi aceite pelo arquiteto Álvaro Siza.

Em janeiro deste ano, em declarações à agência Lusa, o responsável da associação sublinhou que as celebrações do centenário do nascimento do general Vasco Gonçalves “já estão a decorrer desde 2021, com várias iniciativas, mas a criação do monumento ao pensamento relevante deste homem seria o ponto alto, e muito importante, para avivar a memória de um exemplo, sobretudo para os jovens".

Sobre as razões pelas quais a cidade deveria acolher um monumento a Vasco Gonçalves, o presidente da Associação Conquistas da Revolução apontou várias: "Foi do grupo dos que constituíram o MFA [Movimento das Forças Armadas, movimento militar responsável pela Revolução do 25 de Abril de 1974], era o oficial mais graduado, ocupou todas as funções públicas que na altura era possível ter, até chegar a primeiro-ministro de quatro governos provisórios”.

Além disso, “deu cumprimento ao programa do MFA, teve projeção internacional, e com ele se fizeram as grandes transformações do país, parte das quais ainda estão na Constituição Portuguesa”.

Vasco Gonçalves foi chefe dos Governos Provisórios entre 18 de julho de 1974 e 10 de setembro de 1975, e o seu nome era aclamado nas manifestações e comícios durante o PREC em ‘slogans’ como "Força, força, companheiro Vasco, nós seremos a muralha de aço", de uma canção interpretada por Maria do Amparo e Carlos Alberto Moniz.

O período em que chefiou o governo ficou conhecido por "gonçalvismo" e ficou marcado principalmente pelo combate aos monopólios e aos latifúndios.

A nacionalização da banca e dos seguros, a par da aceleração da Reforma Agrária, foram decisões emblemáticas do “gonçalvismo”, ainda hoje sinónimo de extremismo de esquerda para as forças de direita.

Questionado pela Lusa sobre quem irá custear a construção do monumento, o presidente da associação disse: "Não sabemos. Por isso estamos na expectativa desta reunião com a câmara de Lisboa".

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