Rodolf Lohrmann, argentino considerado o mais perigoso do grupo, é quem o recluso conhece melhor. Descreve-o como um homem "super inteligente" e "respeitador"
Está em liberdade desde maio de 2023, altura em que terminou a última pena a que foi condenado, dessa vez por assalto a um banco em Quarteira, no Algarve, o que lhe valeu uma pena de 14 anos. Ao todo, Augusto Mata, conhecido apenas como "Mata", passou 33 anos da sua vida atrás das grades, os últimos deles a partilhar espaço com os reclusos que fugiram no sábado do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, em Alcoentre.
Em declarações exclusivas à TVI (do mesmo grupo da CNN Portugal), o ex-recluso contou que esteve com três dos fugitivos na cadeia de Monsanto, considerada a mais segura do país, e, já depois, encontrou todos em Alcoentre.
Foi em Monsanto que conheceu Fernando Ferreira, Fábio "Cigano" e Rodolf Lohrmann, dois portugueses e um argentino, o último deles considerado o mais perigoso, e que terá sido um dos cérebros do plano de fuga.
É precisamente sobre o argentino, ele que era um dos homens mais procurados do seu país antes da detenção em Portugal, que "Mata" dá mais pormenores. Dos tempos no "bunker" de Monsanto, onde as celas são individuais e quase não se consegue ver nada para lá do quarto, recorda um homem "super inteligente, que sabe falar, sabe estar, é respeitador, pelo menos no ambiente em que vivíamos".
As únicas duas horas fora da cela em Monsanto, passadas genericamente no recreio, "Mata" passava-as quase sempre com os estrangeiros - "normalmente as pessoas são escolhidas para irem aos pátios" -, o que tornou mais próximo de Rodolf Lohrmann, com quem esteve preso três anos.
"Conhecemo-nos quando estamos no pátio, das celas não conseguimos ver, a cadeia de Monsanto é um bunker", continua.
Depois disso foi para Vale de Judeus, onde já não encontrou Rodolf Lohrmann, uma vez que o argentino só foi transferido para Alcoentre, apesar de todos os pareceres sugerirem o contrário, em março deste ano, já "Mata" tinha deixado a cadeia há quase um ano.
Em Vale de Judeus, recorda o homem, "éramos como uns índios". Utilizavam os boxers para conseguir passar mensagens entre as celas, nomeadamente com papéis que retiravam ao diretor.
Sobre a fuga e a forma como terá sido planeada, "Mata" admite que o tempo de recreio tenha sido essencial, até porque é a única altura em que todos podem estar juntos.
Os evadidos de Vale de Judeus são dois cidadãos portugueses, Fernando Ribeiro Ferreira e Fábio Fernandes Santos Loureiro, um cidadão da Geórgia, Shergili Farjiani, um da Argentina, Rodolf José Lohrmann, e um do Reino Unido, Mark Cameron Roscaleer, com idades entre os 33 e os 61 anos.
Foram condenados a penas entre os sete e os 25 anos de prisão, por vários crimes, entre os quais tráfico de droga, associação criminosa, roubo, sequestro e branqueamento de capitais.