Confrontado com a falta de vacinas (e depois de ter sido avisado uma "dezenas" de vezes), Ministério da Saúde diz que o problema fica resolvido até à próxima semana

2 jun 2023, 09:10
Ministro da Saúde, Manuel Pizarro (Lusa)

Começam a faltar nos centros de saúde doses de vacinas contra difteria, tétano, tosse convulsa, poliomielite e haemophilus b

O Ministério da Saúde garante que "o procedimento de aquisição de vacinas e tuberculinas no âmbito do Programa Nacional de Vacinação para o ano de 2023 está em curso, em fase avançada de adjudicação, e ficará concluído a meio da próxima semana". 

Em comunicado, o Ministério responde assim à notícia, avançada pelo Expresso, que escreve que começam a faltar nos centros de saúde doses contra difteria, tétano, tosse convulsa, poliomielite e haemophilu b.

De acordo com o jornal, a seis meses do fim do ano, as vacinas para assegurar o Programa Nacional de Vacinação (PNV) durante este ano ainda não foram compradas e os centros de saúde estão a utilizar doses que sobraram do abastecimento anterior. 

As necessidades para o cumprimento do PNV durante este ano foram enviadas atempadamente pela Direção-Geral da Saúde ao Ministério da Saúde, mas o respetivo procedimento para a aquisição das vacinas ainda não foi iniciado. “O Ministério da Saúde foi avisado com dezenas de e-mails a alertar para a urgência em aprovar o plano”, garantiu ao jornal uma fonte próxima do processo.

Depois de em abril a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) ter anunciado a proibição de exportação de mais de 150 medicamentos e de várias vacinas, por serem produtos em rutura de 'stock' há duas semanas, o ministro Manuel Pizarro garantia que “não há falta de vacinas no Serviço Nacional de Saúde (SNS), há é uma gestão mais prudente de 'stocks'”. “É verdade que as aquisições nos últimos meses têm sido feitas por períodos mais curtos do que era habitual e isso obriga a fazer uma gestão de ‘stocks’ prudente, mas não há falta de vacinas do plano nacional de vacinas.”

Mesmo com a garantia dada pelo ministério de que o a compra de vacinas fica concluída na próxima semana, os profissionais ouvidos pelo semanário dizem que esta compra não apagará o atraso de seis meses. “Já em 2022, 12% das crianças foram vacinadas depois da idade ideal. Ou seja, houve uma fragilização”, sublinhou Gustavo Tato Borges, presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública. 

O dado de alerta consta boletim de vacinação 2023, com dados relativos ao ano anterior, e à data foi destacado pela própria coordenadora do PNV. Os dados disponíveis, citados pelo Expresso, revelam que a vacinação fora do tempo certo é mais evidente nas crianças mais pequenas, entre os 12 e os 13 meses de vida. Segundo o boletim, a imunização atempada nessa faixa etária fica pelos 85%, portanto muito abaixo dos mais de 95% conseguidos na cobertura global nos restantes grupos vacinados.

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