"Muitas dezenas" de profissionais de saúde com covid-19. Sindicato exige quarta dose da vacina

Agência Lusa , CV
18 mai 2022, 16:28
Novas Variantes (Foto: Getty/ Vincenzo Izzo)

Segundo Roque da Cunha, nos últimos dois meses, o ministério de Marta Temido “desvalorizou” a pandemia, “não ouvindo a sua comissão técnica que, aliás, está desaparecida, e deixando de comparticipar os testes nas farmácias”

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) defendeu esta quarta-feira a vacinação dos profissionais de saúde com a segunda dose de reforço, alertando que “muitas dezenas” já estão infetados pelo coronavírus que provoca a covid-19.

“É fundamental que se vacine as pessoas dos grupos de risco e os profissionais de saúde, que já estão a passar mais de seis meses desde a última inoculação”, adiantou à agência Lusa o secretário-geral do SIM.

Jorge Roque da Cunha salientou ter conhecimento de que “são muitas dezenas de médicos, enfermeiros e administrativos” que estão atualmente infetados pelo SARS-CoV-2, na sequência do aumento da incidência de casos que se verifica nos últimos dias no país.

“Muitos deles são médicos, só na minha unidade são três infetados”, alertou o dirigente sindical, ao considerar “muito grave” que o Ministério da Saúde não tenha “sinalizado a importância da vacinação dos profissionais de saúde” na nova fase de administração da segunda dose de reforço que se iniciou na segunda-feira.

Segundo Roque da Cunha, nos últimos dois meses o ministério de Marta Temido “desvalorizou” a pandemia, “não ouvindo a sua comissão técnica que, aliás, está desaparecida, e deixando de comparticipar os testes nas farmácias”.

“Veio infelizmente a ter a consequência que mais temíamos, que é um aumento da incidência” de infeções, sublinhou o secretário-geral do SIM, que referiu "não se conformar com a circunstância de dizer que morrem poucas pessoas por serem idosas”.

Portugal registou na segunda-feira 33.939 novas infeções, o valor mais alto desde oito de fevereiro, dia em que foram confirmados 34.096 casos, e 29 mortos associados à covid-19.

O Hospital de São João, no Porto, vai decidir até sábado se interrompe a atividade programada em 20% para fazer face ao aumento de casos covid-19, disse também hoje o diretor da Unidade Autónoma de Gestão de Urgência e Medicina Intensiva.

“Estamos a chegar às 08:00 de cada dia sem nenhuma vaga no hospital”, disse Nelson Pereira, que, em declarações aos jornalistas junto ao serviço de urgência deste hospital, explicou estar em causa a ativação do nível 3 do plano de contingência, algo a decidir até ao fim de semana.

O diretor da Unidade Autónoma de Gestão de Urgência e Medicina Intensiva contou que cerca de 200 profissionais deste hospital estão ausentes por estarem infetados.

Questionado sobre como é que o hospital está a gerir a ausência dessas centenas de profissionais, Nelson Pereira deu o seu exemplo pessoal, contando que, em 10 dias, está a cumprir a quinta noite no serviço de urgência.

Também os atendimentos nas urgências do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, atingiram na segunda-feira o valor mais alto desde o início da pandemia, com 800 doentes, mas quase dois terços eram não covid, disse à Lusa fonte hospitalar.

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