Destinada maioritariamente para pessoas mais velhas ou com o sistema imunitário comprometido, a quarta dose da vacina - ou segunda dose se reforço - está já a ser administrada por todo o mundo. Na Europa, está a ser dada em mais de dez países
A Direção-Geral da Saúde (DGS) recomendou no dia 17 de fevereiro que os portugueses com imunossupressão grave recebam uma dose de reforço da vacina contra a covid-19, o equivalente à quarta dose. No entanto, a ministra da Saúde revelou esta segunda-feira que a quarta dose da vacina contra a covid-19 está a ser passada com prescrição médica “para grupos em função da sua situação de imunocomprometimento ou fragilidade imunitária”. Marta Temido adiantou ainda que as pessoas com mais de 80 anos irão receber uma dose de reforço da vacina contra a covid-19 a partir do final de agosto ou início de setembro.
Fonte da Comissão Técnica de Vacinação contra a Covid-19 revelou à CNN Portugal que em Portugal não foi tomada ainda nenhuma decisão concreta relativamente à quarta dose alargada a outros grupos populacionais, como as pessoas com mais de 65 anos. Em causa está a análise de três pontos, a evolução da situação epidemiológica, o resultado de estudos realizados nos EUA, Reino Unido e Israel - que já avançaram com a quarta dose, tendo sido Israel um dos primeiros países a nível mundial a fazê-lo - e a questão das variantes.
A mesma fonte revelou ainda que Portugal não avançou já com a quarta dose - e que não o deverá fazer antes da data anunciada pela ministra da Saúde - porque tal implicaria a toma de uma quinta dose no inverno por parte das pessoas mais idosas, o que poderia dificultar a adesão da população.
A nível mundial, são já vários os países que iniciaram a administração da segunda dose de reforço, quase sempre destinada às pessoas mais idosas e/ou com imunossupressão. Mas há casos em que o segundo reforço é dado a crianças de 12 ou mais anos com a saúde debilitada.
Israel foi o primeiro país do mundo a aprovar a quarta dose da vacina para imunossuprimidos, tendo começado a administrá-la ainda no final de 2021. Já este ano, e com uma mais rápida propagação da variante Ómicron, que viria a ser dominante, a vacinação com a segunda dose de reforço foi alargada a maiores de 60 anos e profissionais de saúde.
Nos Estados Unidos, a Food and Drugs Administration (FDA) anunciou em março deste ano que uma segunda dose de reforço das vacinas da Pfizer-BioNTech ou da Moderna poderiam ser administrada a pessoas com 50 anos de idade ou mais, pelo menos quatro meses após a toma de uma primeira dose de reforço de qualquer vacina autorizada ou aprovada no país.
Segundo a entidade de saúde norte-americana, “uma segunda dose de reforço da vacina Pfizer-BioNTech pode ser administrada a pessoas com 12 anos de idade ou mais com certos tipos de imunossupressão pelo menos quatro meses após a toma de uma primeira dose de reforço de qualquer vacina” contra a covid-19. Neste grupo de pessoas estão as que foram submetidas “a transplante de órgãos sólidos ou que vivem com condições consideradas de nível equivalente de imunocompromisso”. No caso da vacina da Moderna, a segunda dose de reforço pode ser administrada, também quatro meses após a primeira, em qualquer pessoa com mais de 18 anos e que esteja também numa situação clínica de imunossupressão.
Países europeus que já avançaram com a segunda dose de reforço
Na Europa, há mais de dez países com campanha de vacinação para a segunda dose de reforço a decorrer. E há quem ainda esteja a ponderar, como é o caso da Suíça, que planeia avançar com a quarta dose no outono em pessoas com mais de 65 anos e condições clínicas pré-existentes.
A Dinamarca foi o primeiro país da Europa a anunciar o início de uma campanha de vacinação destinada à segunda dose de reforço. Logo nos primeiros dias de 2022, o governo dinamarquês afirmou que esta dose de reforço seria destinada aos mais vulneráveis e às pessoas com mais idade, no entanto, as autoridades de saúde da Dinamarca disseram em março que estariam a considerar “encerrar” o programa de vacinação contra o novo coronavírus na primavera, não vendo razões para administrar uma dose de reforço a crianças ou uma quarta dose para a restante população.
Na Hungria, toda a população adulta está elegível para a toma da quarta dose. A administração do reforço começou a 15 de janeiro e destina-se a todos os adultos que tenham sido vacinados há pelo menos quatro meses. Espanha foi também dos primeiros países europeus a avançar com a segunda dose de reforço, estando a administrá-la desde janeiro a em “pessoas de alto risco, como pacientes com cancro, transplantados, em diálise e hemodiálise, com mais de 40 anos com síndrome de Down ou que tomam remédios imunossupressores, entre outros”, explica a EFE.
Já a França anunciou, em março, que iria avançar com a segunda dose de reforço, destinando-a a pessoas com mais de 80 anos e que, diz a Reuters, tenham tomado a primeira dose de reforço há, pelo menos, três meses.
Na Alemanha, a quarta dose de vacina mRNA contra a covid-19 está disponível desde fevereiro para maiores de 70 anos ou pessoas que apresentem problemas de saúde e um risco acrescido à boleia da infeção, revela a Reuters.
No Reino Unido, o anúncio da segunda dose de reforço foi feito no início de abril e a vacina destina-se a todas as pessoas com mais de 75 anos. Os residentes em lares e pessoas com mais de 12 anos imunossuprimidas são também elegíveis para o reforço vacinal - que deve acontecer 90 dias (três meses) depois da última vacina contra a covid tomada, conta a BBC. Também em abril começou a ser administrada a dose de reforço em Itália, destinando-se, numa primeira fase, à região norte do país e a pessoas com mais de 80 anos e residentes em lares com mais de 60 anos com problemas de saúde associados. A quarta dose pode ser tomada 120 dias depois da última vacina.
Na Grécia, conta a Reuters, desde abril que todas as pessoas com mais de 60 anos podem tomar a segunda dose de reforço e na Áustria o Comité Nacional de Vacinação (NIG) recomendou oficialmente a quarta dose para pessoas com mais de 80 anos e todas as que são consideradas de risco e que tenham entre 65 e 79 anos. Também na Islândia são os maiores de 80 anos o foco para a segunda dose de reforço contra a covid-19.
A Noruega, para já, destina a dose de reforço a todos com mais de 80 anos, ao passo que a Bélgica, apesar de ter anunciado a quarta dose no início do ano, conta avançar com a segunda dose de reforço em maiores de 80 anos ainda antes do verão.
Na Suécia a quarta dose foi anunciada em abril e destina-se a maiores de 65 anos e a adultos entre os 18 e 64 anos que sejam imunossuprimidos.
Quarta dose a ritmos diferentes pelo mundo
Fora da Europa, a vacinação de reforço acontece a vários ritmos, com alguns países ainda a lutar por conseguir assegurar o esquema vacinal primário a grande parte da população.
O Chile foi o primeiro país da América Latina a avançar com a administração da quarta dose da vacina, estando, numa primeira fase, este reforço destinado a pessoas com o sistema imunitário comprometido, mas já foi alargado, em fevereiro, a todas as pessoas com mais de 55 anos, relata a BBC.
No caso do Brasil, a a administração da quarta dose varia de região para região, já na Austrália a quarta dose contra a covid-19 está a ser oferecida a todas as pessoas com mais de 65 anos, indígenas com mais de 50 anos, pessoas imunocomprometidas e residentes em lares, anuncia a ABC News.
No Camboja, os grupos de alto risco começaram a ser vacinados com a segunda dose de reforço em janeiro deste ano, tendo o país optado pela vacina da Pfizer, uma vez que as primeiras que foram administradas - e que tinham sido produzidas na China - não conferiram a imunidade pretendida. Também em janeiro, a Tailândia avançou com a administração da segunda dose de reforço junto da população das regiões mais turísticas, incluindo Bangkok, Phuket, Krabi e outras sete províncias, conta a Bloomberg.
A Coreia do Sul avançou com a segunda dose de reforço em fevereiro, destinando a vacina a pessoas que vivem em lares ou unidades de acolhimento. Face ao aumento de infeções em pessoas com mais de 60 anos, o reforço foi também alargado a pessoas com o sistema imunitário deficitário.
Em Março, Singapura disse que pessoas com 80 anos ou mais, assim como todas as outras que tenham um sistema imunitário debilitado ou doenças crónicas, estão elegíveis para o segundo reforço da vacina contra a covid-19. No mês passado foi a vez do Canadá anunciar com o início da campanha de vacinação de reforço, estando a quarta dose para já destinada a pessoas com mais de 80 anos, relata a CTV News.
Também em Março a Nova Zelândia anunciou que as pessoas com o sistema imunitário comprometido ou com doenças crónicas e patologias pré-existentes poderão receber a quarta dose, estando a decisão ainda em análise.