Escola de Uvalde vai ser demolida. Novas imagens aumentam críticas à atuação da polícia durante massacre

22 jun 2022, 13:56
Cruzes com os nomes de algumas das vítimas do massacre em Uvalde (Jae C. Hong/AP)

Nova imagem mostra agentes da polícia altamente equipados dentro da escola 19 minutos após o início do ataque, que só terminou quase uma hora depois

A escola primária de Uvalde, onde 19 crianças e duas professoras foram mortas por um atirador a 24 de maio, vai ser demolida. A informação foi adiantada pelo mayor daquela cidade do Estado do Texas.

Numa reunião com o conselho da autarquia, Don McLaughlin disse que é “compreensível” que a escola primária Robb seja demolida, para que depois seja construído um novo edifício para os cerca de 600 alunos.

“O meu entendimento – e tive esta discussão com o superintendente [da escola] – é que a escola vai ser demolida. Nunca podemos pedir a uma criança ou a um professor que regresse àquela escola”, referiu o autarca. Recorde-se que o ataque perpetrado por Salvador Ramos, de apenas 18 anos, ocorreu a apenas um dia do fim do ano letivo.

A demolição da instituição seguirá o exemplo daquilo que foi feito na escola de Sandy Hook, no Connecticut, onde, em 2012, 26 pessoas foram mortas, a maioria crianças, num ataque semelhante.

Atuação da polícia sob críticas

O anúncio de Don McLaughlin surge numa altura em que a comunidade de Uvalde, principalmente os pais das crianças que morreram, continuam a questionar a atuação da polícia no dia do tiroteio. É sabido que Salvador Ramos se barricou numa sala, onde ocorreram todas as mortes, sendo que entre esse momento e a neutralização do atirador decorreu mais de uma hora.

Isso mesmo comprova uma imagem obtida pela CNN, e que mostra três agentes da polícia, um deles com um escudo, dentro da escola 19 minutos após o início do massacre.

Polícia entrou na escola 19 minutos após o início do massacre (CNN)

A atuação da polícia está sob investigação, mas o diretor do Departamento de Segurança Pública do Texas (DPS, na sigla original) já veio apelidar a operação de um “falhanço abjeto e antiético em todos os sentidos”. Segundo Steve McCraw, o chefe da polícia, Pedro Arredondo, “decidiu colocar a vida dos agentes à frente da vida das crianças”, impedindo a polícia de entrar mais cedo no local onde o massacre decorreu.

“Os agentes tinham armas – as crianças não tinham nada. Os agentes tinham coletes à prova de bala – as crianças não tinham nada. Os agentes tinham treino – o atirador não tinha”, acrescentou o responsável.

As palavras de Steve McCraw não caíram bem junto da autarquia, que tem a responsabilidade sobre a polícia. Para Don McLaughlin, a DPS tem falhado em providenciar os detalhes da investigação que está a decorrer, dizendo ainda que os comentários do diretor daquele departamento têm sido erróneos.

"O coronel Steve McCraw continua, como lhe queiram chamar... a mentir, a divulgar, a enganar e a dar informação enganosa para tentar distanciar os seus agentes da responsabilidade. Em todos os detalhes ele deixa de fora os seus agentes e os Rangers que estavam no local naquele dia", afirmou o autarca.

Agentes tinham escudos à prova de bala e armas de assalto (CNN)

Peter Arredondo, que decidiu não falar em público, também testemunhou sobre o caso no comité que esteve reunido esta terça-feira.

Para acrescentar à polémica, o procurador de Uvalde pediu que não sejam divulgados os registos da atuação da polícia, incluindo as imagens das câmaras de vídeo que estão nos coletes dos agentes.

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