Este planeta pode ser a próxima grande missão da NASA (e há outros destinos por descobrir)

CNN , Ashley Strickland
25 abr 2022, 09:00
Uranus Enceladus (Nasa)

Mundos misteriosos e gelados no nosso sistema solar devem ser uma prioridade de exploração, de acordo com um novo relatório publicado terça-feira.

O estudo Decenal Planetário recomenda o primeiro Uranus Orbiter and Probe como a próxima grande missão da NASA. A nave realizaria uma visita orbital ao gigante do gelo durante as aproximações e depositaria uma sonda para explorar a atmosfera do sétimo planeta a partir do Sol. E um lançamento em 2031 ou 2032 "é viável", segundo os autores do relatório.

Procurar indícios de vida na lua de Saturno, Encélado, deve ser a segunda prioridade para a NASA, de acordo com o relatório. Encélado contém um oceano líquido sob uma crosta de gelo, e o Enceladus Orbilander orbitaria a lua e aterraria na superfície, estudando plumas de água que se erguem através de fendas na crosta de gelo.

O estudo, realizado pelas National Academies of Sciences, Engineering, and Medicine, identifica também outras prioridades científicas para a próxima década, incluindo a defesa planetária contra objetos próximos da Terra, uma nova abordagem para estudar Marte, e a exploração e recolha de amostras de outros mundos. Este relatório difere do estudo decenal Astro2020, publicado em novembro, que está mais focado em desvendar os segredos do Universo e identificar mundos fora do nosso sistema solar.

"O relatório apresenta uma visão ambiciosa, mas exequível, para o avanço das fronteiras da ciência planetária, astrobiológica e da defesa planetária na próxima década", disse Robin Canup, vice-presidente adjunto do Planetary Sciences Directorate do Southwest Research Institute e copresidente do comité diretivo das National Academies para o inquérito decenal, num comunicado.

Debaixo do gelo

Os autores do relatório veem o Uranus Orbiter and Probe como uma forma de revolucionar o conhecimento que os astrónomos têm de gigantes do gelo em geral. O nosso sistema solar tem dois, Úrano e Neptuno, ambos feitos de gelo, metano e amoníaco com um pequeno núcleo rochoso. Apenas uma missão já passou pelos dois planetas: a Voyager 2 da NASA em 1989. O resto do que os cientistas sabem sobre estes planetas distantes foi recolhido através de telescópios como o Hubble.

Mas nenhuma missão estudou Urano de perto e em detalhe.

É um pouco estranho, girando de lado. Tem 13 anéis, 27 luas e uma cor azul-esverdeada devido ao metano na sua atmosfera. O planeta não tem uma verdadeira superfície, uma vez que a maior parte da sua composição é líquido rodopiante.

Os cientistas estão interessados em aprender sobre a sua dinâmica atmosférica, campo magnético complexo, e o que levou à criação da sua inclinação extrema e anéis. Além disso, algumas das luas maiores que orbitam o planeta podem ser mundos oceânicos.

O Uranus Orbiter and Probe poderia obter mais informações sobre a origem, interior, atmosfera, luas e anéis do planeta.

Entretanto, há anos que os cientistas planetários têm esperança de voar uma nave espacial através das plumas ativas de gás e partículas que irrompem do oceano interior de Encélado. O Enceladus Orbilander poderia estudar diretamente se o oceano da Lua é habitável.

A missão de Encélado procuraria indícios de vida e determinaria a possibilidade de poder existir no mundo oceânico. Se a missão arrancasse no final desta década, provavelmente chegaria à lua distante no início dos anos 2050. Há também a sugestão de uma missão distinta que poderia conduzir vários voos de passagem por Encélado, caso o Orbilander não for viável.

Outros destinos

O relatório também recomenda que a NASA envie missões para colher amostras do planeta anão Ceres, bem como da superfície de um cometa. A missão Ceres poderia avaliar se o planeta anão, que se encontra na principal cintura de asteroides entre Marte e Júpiter, é habitável.

Outras missões na lista incluem um explorador de Vénus, uma sonda para voar através da atmosfera de Saturno e um orbitador em torno de Titã, a maior lua de Saturno. Titã interessa aos investigadores porque a sua atmosfera densa contém moléculas prebióticas, que são uma característica semelhante à forma como a atmosfera da Terra começou antes do aparecimento de vida. A missão Titã investigaria a possibilidade de a Lua albergar vida.

O relatório sugere o envio de um orbitador e de uma sonda para um dos Centauros, ou pequenos corpos primitivos de gelo encontrados entre Júpiter e Neptuno.

No que diz respeito a Marte, os autores recomendam continuar com o atual programa do rover e a missão multi-etapas para levar amostras de Marte à Terra. Porém, também encorajam a criação do Mars Life Explorer, uma missão que procuraria vida existente e determinaria se é possível existir vida em Marte atualmente.

Há também o desejo de garantir que o esforço científico seja maximizado à medida que os humanos regressam à Lua através do programa Artemis da NASA, colhendo amostras lunares e montando instrumentos na superfície passíveis de revelar mais sobre a sua história.

Compreender mais sobre objetos próximos da Terra, como rastrear e detetar rochas espaciais que possam representar uma ameaça para a Terra, é uma clara prioridade. Os autores recomendam que a NASA desenvolva e lance o NEO Surveyor, uma missão de infravermelhos que poderia fornecer uma melhor base para modelar e prever os movimentos de objetos próximos da Terra. Por sua vez, esta informação ajudaria no planeamento de missões de desvio.

Uma vez que a missão DART da NASA, ou Double Asteroid Redirection Test, e o NEO Surveyor fornecem dados, os próximos passos seriam uma missão de reconhecimento de resposta rápida para atingir um objeto próximo da Terra com entre 50 a 100 metros de diâmetro. Estes objetos têm uma maior probabilidade de causar destruição em massa se colidirem com a Terra.

"Este portfólio recomendado de missões, atividades de investigação de alta prioridade e desenvolvimento de tecnologia produzirá avanços transformadores no conhecimento e na compreensão humana sobre a origem e evolução do sistema solar, e a vida e habitabilidade de outros corpos além da Terra", disse Canup.

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