Companhias aéreas processadas por venderem lugares à janela... sem janela

CNN Portugal , CMN
20 ago, 15:22
United Airlines (AP Photo/David Zalubowski, File)

Mais de metade da frota de ambas as companhias aéreas é composta por modelos que incluem assentos à janela sem janela - mas nenhuma das companhias divulga essa informação

Passageiros da Delta Airlines e da United Airlines alegam ter pago um valor extra para se sentarem em lugares junto à janela. No entanto, ao entrarem no avião, foram colocados em assentos encostados a uma parede sem abertura.  

A queixa de 18 páginas, divulgada esta terça-feira, acusa as companhias de práticas comerciais desleais e publicidade enganosa. Os passageiros afirmam que a Delta e a United não assinalam, durante o processo de reserva, a ausência de janela em certos lugares, cobrando por eles dezenas - ou, por vezes, centenas - de dólares.  

As ações coletivas propostas foram apresentadas contra a United num tribunal federal em São Francisco, e contra a Delta num tribunal federal em Brooklyn, Nova Iorque. Ambos os processos são conduzidos pelo escritório de advocacia Greenbaum Olbrantz e procuram uma indeminização superior a um milhão de dólares por danos, em nome de cerca de um milhão de passageiros de cada companhia. 

As queixas relatam que aviões como o Boeing 737, o Boeing 757 e o Airbus A321 incluem assentos onde, normalmente, existiriam janelas. Contudo, devido à presença de condutas de ar condicionado, cabos elétricas ou outros componentes, a instalação da janela torna-se impossível. Mais de metade da frota de ambas companhias, que somam quase mil aeronaves, é composta por estes modelos.  

“Se os queixosos e os membros da ação coletiva soubessem que os assentos que estavam a comprar não tinham janelas, não os teriam escolhido - muito menos pago um valor extra por eles”, afirma a queixa apresentada contra a United, que é citada pela agência Reuters. As reclamações contra a Delta continham declarações semelhantes.  

Existem plataformas digitais, como o SeatGuru, que permitem aos passageiros consultar as vantagens e desvantagens de lugares específicos, incluindo os que não têm janela. No entanto, Carter Greenbaum, o advogado responsável pelos dois processos, argumenta que a existência dessas plataformas não justifica a conduta da Delta e da United.  

“Uma empresa não pode deturpar a natureza dos produtos que vende e depois basear-se em avaliações de terceiros para dizer que o cliente deveria ter sabido da mentira através de sites terceiros,” declara o advogado num email enviado à Reuters. 

A venda de seleção de lugares faz parte das receitas auxiliares que permitem às companhias aéreas gerar mais lucro, mantendo as tarifas base mais baixas. Estas receitas incluem taxas de bagagem, upgrades de cabine e acesso a salas VIP nos aeroportos.  

O processo sublinha que os passageiros escolhem lugares à janela por diversos motivos: “Para muitos, é uma experiência especial ver o mundo a 10 mil metros de altitude ou assistir à descida para LaGuardia, LAX, SFO ou O'Hare. As janelas podem entreter ou acalmar uma criança inquieta. Para quem tem medo de voar ou sofre de enjoo, a janela oferece maior conforto num ambiente que, de outra forma, seria stressante. Outros querem simplesmente um raio de sol para iluminar o dia”, lê-se na queixa.  

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