"A invasão total da Rússia tornam o caso do alargamento muito claro" mas o sonho da Ucrânia na UE não deve ser para antes de 2030

5 nov, 15:03
União Europeia (AP Photo)

Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança admitiu que o atual bloco de 27 países pode vir a crescer até 2030. Os principais candidatos são a Albânia, Montenegro e Ucrânia; Geórgia não deve passar disso mesmo, uma candidata

A União Europeia (UE) poderá acolher novos Estados-Membros até 2030, segundo declarações da chefe da política externa europeia, Kaja Kallas. A possibilidade de alargamento surge no contexto de instabilidade global e de reformas significativas em vários países candidatos, nomeadamente Montenegro, a Albânia e a Ucrânia.

De acordo com os relatórios anuais da Comissão Europeia, Montenegro e Albânia são atualmente os países mais avançados no processo de adesão. “A adesão de novos países à União Europeia até 2030 é um objetivo realista”, afirmou Kallas, destacando os progressos de ambos os países.

“A invasão total da Rússia na Ucrânia e as mudanças geopolíticas tornam o caso do alargamento muito claro. É uma necessidade se quisermos ser um jogador mais forte no cenário global”, disse a chefe da política externa europeia, sublinhando a urgência do alargamento reforçada pelo contexto internacional.

A Ucrânia, em particular, continua a ser um símbolo de resistência e de aspiração europeia: Kaja Kallas referiu que “nenhum país candidato tinha alguma vez implementado reformas tão profundas enquanto estava em guerra”, reconhecendo o esforço de Kiev para se alinhar com os padrões democráticos e económicos da UE. O presidente Volodymyr Zelensky já deixou claro o desejo de que o seu país possa aderir antes de 2030. 

No entanto, a Ucrânia, por ter uma população de 41,4 milhões de pessoas (antes da guerra) e enormes necessidades de reconstrução, representa um caso distinto dos outros em que a entrada na UE irá levantar questões difíceis para alguns dos aliados mais fiéis de Kiev, especialmente os beneficiários líquidos de fundos da UE, como é o caso da Polónia.

Em contraste, a Geórgia foi descrita pela comissária como um país candidato “apenas em nome”. As negociações de adesão foram suspensas após repressões violentas contra manifestantes pacíficos que saíram à rua contra a lei de “agentes estrangeiros”, uma lei de inspiração russa que exige que grupos da sociedade civil se registem sob esse rótulo estigmatizante se receberem fundos do exterior.

A comissária europeia de Ampliação e Política de Vizinhança, Marta Kos, dirigiu-se diretamente aos líderes georgianos: “Se estão a falar a sério sobre a UE, então ouçam o vosso povo e deixem de prender os líderes da oposição, os jornalistas e as pessoas que pensam de forma diferente da vossa”. De acordo com o Parlamento Europeu, mais de 500 pessoas foram detidas após os protestos, das quais 300 foram submetidas a tortura ou outras formas de tratamento desumano e degradante.

A Sérvia, liderada por Aleksandar Vučić, enfrenta igualmente críticas devido ao “retrocesso em matéria de liberdade de expressão e de expressão académica”, tendo a UE pedido ao governo sérvio que clarifique a sua “opção estratégica” e evite a retórica anti-UE.

Já a Moldova foi elogiada pelo seu progresso, apesar das “ameaças híbridas” e das tentativas externas de desestabilização. Marta Kos destacou que o país “fez o maior progresso de todos os países num ano”.

O alargamento exige a unanimidade dos atuais 27 Estados-membros, o que tem dificultado o avanço das negociações. A Hungria tem bloqueado o processo de adesão da Ucrânia, afetando indiretamente a Moldova. Segundo o documento, Bruxelas considera formas de contornar o veto de Budapeste para permitir progressos.

Alguns líderes europeus defendem que a União Europeia deve fazer alterações antes de receber novos membros, devido ao receio de que uma UE com mais de 35 países se torne politicamente paralisada. Ainda assim, Marta Kos argumenta que o alargamento a países como Montenegro e a Albânia “não terá grandes implicações financeiras” e que não é necessária uma reforma prévia para a sua integração.

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