Zelensky em entrevista à CNN: “Estou preparado para negociar com Vladimir Putin, mas se as negociações falharem, isso pode significar a Terceira Guerra Mundial"

CNN
20 mar 2022, 16:45
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O presidente ucraniano tem reforçado que o seu país está aberto a negociações, mas há linhas vermelhas que não está disposto a ultrapassar. A integridade territorial da Ucrânia não pode estar em causa.

Em entrevista a Fareed Zakaria, da CNN Internacional, Volodymyr Zelensky afirma que está preparado para negociar com o seu homólogo russo. No entanto, o presidente ucraniano avisa que qualquer negociação falhada pode tornar o conflito numa “Terceira Guerra Mundial”.

“Estou preparado para negociar com ele. Estou preparado há dois anos. Penso que sem essas negociações não podemos acabar com esta guerra. Se temos apenas 1% de chance de acabar com esta guerra, penso que temos de a aproveitar. Em todo o caso, estamos a perder pessoas diariamente, pessoas inocentes”, afirmou.

Zelensky disse ainda que as tropas russas “vieram [para a Ucrânia] para nos exterminar, para nos matar”, e realça a “dignidade do povo e do exército ucranianos que foram capaz de responder. “Infelizmente, a nossa dignidade não vai salvar vidas. Por isso, julgo que temos de recorrer a qualquer formato, qualquer oportunidade para conseguirmos negociar e falar com Putin. Mas se estas tentativas falham, isso significaria uma Terceira Guerra Mundial”.

O presidente ucraniano já tinha dito quais são as suas prioridades num possível acordo de paz. "O fim da guerra, garantias de segurança, soberania, restauro da integridade territorial, verdadeiras garantias para o nosso país e protecção efectiva para a Ucrânia".

Caso o país fosse membro da NATO, "a guerra não teria começado", argumentou ainda Zelensky. "Se os membros da NATO estão preparados para nos ver na Aliança, então que o façam imediatamente pois há pessoas a morrer diariamente", afirmou.

"Mas se não estão preparados para preservar as vidas do nosso povo, se nos querem ver entre dois mundos, não nos podem pôr nesta posição, não nos podem forçar a estar neste limbo", completou o chefe de Estado ucraniano.

Exigências russas inaceitáveis

À CNN, Volodymyr Zelensky adianta que há exigências de Moscovo às quais não pode ceder. Entre as exigências russas está o reconhecimento da independência das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, bem como o reconhecimento da soberania da Rússia sobre a Crimeia.

"Há compromissos que não podemos fazer enquanto estado independente. Os ucranianos falaram, não receberam os soldados russos com flores, mas sim com coragem e armas nas mãos".

Zelensky acusa Rússia de preparar “solução final”

Numa outra declaração, ao parlamento de Israel, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky traçou um paralelismo entre a invasão russa e a Segunda Guerra Mundial, dizendo que o Kremlin está a discutir a “solução final” para a Ucrânia, tal como os nazis colocaram a questão europeia, com o plano para exterminar judeus.

“É uma guerra em grande escala que visa a destruição de nosso povo, a destruição de nossos filhos, famílias, estado, cidades, culturas e tudo o que os torna ucranianos. É por isso que tenho o direito de traçar este paralelismo na história, entre a nossa guerra pela sobrevivência e a Segunda Guerra Mundial”, afirmou.

Recorde-se que Zelensky é judeu, tendo familiares que morreram durante o Holocausto. “Queremos viver, mas os nossos vizinhos só querem ver-nos mortos”, reforçou.

Com esta declaração e paralelismo, Zelensky procurou pressionar Israel para que disponibilize ajuda à Ucrânia, através do seu sistema de mísseis, ultrapassando a relutância israelita em definir uma posição.

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