Zelensky recebido por Costa como "futuro membro da União Europeia" no dia em que Bruxelas decide se vai usar os ativos congelados russos

23 out, 10:31
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky (à esquerda) e o presidente do Conselho Europeu, António Costa, respondem a perguntas da imprensa ao chegarem para a Cimeira Europeia em Bruxelas, Bélgica, a 23 de outubro de 2025. Lusa

UE anuncia o 19.º pacote de sanções à Rússia e prepara-se para ir mais longe no financiamento da Ucrânia

A União Europeia adotou esta quinta-feira o 19.º pacote de sanções à Rússia, segundo anunciou a chefe da diplomacia comunitária, através das redes sociais. Na mesma mensagem, Kaja Kallas sublinhou ainda que começa a ser cada vez mais difícil para a Rússia financiar a guerra contra a Ucrânia.

“Acabámos de adotar o nosso 19.º pacote de sanções, que visa bancos russos, bolsas de criptomoedas, entidades na Índia e na China, entre outros. A UE está a restringir os movimentos dos diplomatas russos para combater as tentativas de desestabilização”, revelou no X a Alta Representante da União para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança.

“É cada vez mais difícil para Putin financiar esta guerra”, defendeu Kaja Kallas. O acordo foi possível após a Eslováquia ter levantado o seu veto relativo às suas importações energéticas, tendo em conta que o país está dependente do gás importado da Rússia.

Ainda assim, a Eslováquia poderá não ser o único entrave na reunião desta quinta-feira. Numa altura em que se torna urgente apoiar os esforços de guerra da Ucrânia, à medida que a invasão da Rússia se aproxima do quarto inverno, a Bélgica continua a recusar-se a aprovar a proposta de confiscar 140 mil milhões de euros em dinheiro russo congelado para financiar uma nova tranche de ajuda a Kiev. A decisão é justificada pelo primeiro-ministro do país pelo facto de os ativos se encontrarem depositados numa instituição financeira sediada em Bruxelas, segundo o jornal Politico.

A maior parte do pacote, o 19.º a ser imposto a Moscovo desde o início da sua invasão em grande escala da Ucrânia há mais de três anos, centra-se em minar as receitas do Kremlin, impondo restrições aos comerciantes de energia e às instituições financeiras, muitas delas em países terceiros.

Zelensky recebido em Bruxelas como "futuro membro da União Europeia"

A adoção do pacote acontece no mesmo dia em que Volodymyr Zelensky visita Bruxelas para se reunir com os líderes dos Estados-membros da UE. Durante a receção, António Costa, presidente do Conselho Europeu, referiu-se à Ucrânia como o "futuro membro da União Europeia", e deixou garantias quanto ao financiamento do país para 2026 e 2027. 

"Hoje tomaremos a decisão política de garantir as necessidades financeiras da Ucrânia até 2026 e 2027", sublinhou Costa antes da cimeira de líderes da UE. "Continuamos a trabalhar com a Comissão Europeia nos pormenores técnicos das soluções, mas o mais importante é a decisão política", acrescentou.

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky (à esquerda) e o presidente do Conselho Europeu, António Costa, respondem a perguntas da imprensa ao chegarem para a Cimeira Europeia em Bruxelas, Bélgica, a 23 de outubro de 2025. Lusa

Já o presidente ucraniano aproveitou o momento para agradecer aos Estados Unidos e à União Europeia por “concordarem com novas sanções energéticas contra a Rússia”, sublinhando que as mesmas são "muito importantes". Aos jornalistas deixou ainda claro que um cessar-fogo com Moscovo “ainda é possível”.

"Um cessar-fogo ainda é possível, é claro, e todos nós precisamos de um cessar-fogo. Mas precisamos de mais pressão sobre a Rússia", referiu.

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