UE anuncia o 19.º pacote de sanções à Rússia e prepara-se para ir mais longe no financiamento da Ucrânia
A União Europeia adotou esta quinta-feira o 19.º pacote de sanções à Rússia, segundo anunciou a chefe da diplomacia comunitária, através das redes sociais. Na mesma mensagem, Kaja Kallas sublinhou ainda que começa a ser cada vez mais difícil para a Rússia financiar a guerra contra a Ucrânia.
“Acabámos de adotar o nosso 19.º pacote de sanções, que visa bancos russos, bolsas de criptomoedas, entidades na Índia e na China, entre outros. A UE está a restringir os movimentos dos diplomatas russos para combater as tentativas de desestabilização”, revelou no X a Alta Representante da União para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança.
“É cada vez mais difícil para Putin financiar esta guerra”, defendeu Kaja Kallas. O acordo foi possível após a Eslováquia ter levantado o seu veto relativo às suas importações energéticas, tendo em conta que o país está dependente do gás importado da Rússia.
We just adopted our 19th sanctions package.
It targets Russian banks, crypto exchanges, entities in India and China, among others.
The EU is curbing Russian diplomats’ movements to counter the attempts of destabilisation.
It is increasingly harder for Putin to fund this war.
— Kaja Kallas (@kajakallas) October 23, 2025
Ainda assim, a Eslováquia poderá não ser o único entrave na reunião desta quinta-feira. Numa altura em que se torna urgente apoiar os esforços de guerra da Ucrânia, à medida que a invasão da Rússia se aproxima do quarto inverno, a Bélgica continua a recusar-se a aprovar a proposta de confiscar 140 mil milhões de euros em dinheiro russo congelado para financiar uma nova tranche de ajuda a Kiev. A decisão é justificada pelo primeiro-ministro do país pelo facto de os ativos se encontrarem depositados numa instituição financeira sediada em Bruxelas, segundo o jornal Politico.
A maior parte do pacote, o 19.º a ser imposto a Moscovo desde o início da sua invasão em grande escala da Ucrânia há mais de três anos, centra-se em minar as receitas do Kremlin, impondo restrições aos comerciantes de energia e às instituições financeiras, muitas delas em países terceiros.
Zelensky recebido em Bruxelas como "futuro membro da União Europeia"
A adoção do pacote acontece no mesmo dia em que Volodymyr Zelensky visita Bruxelas para se reunir com os líderes dos Estados-membros da UE. Durante a receção, António Costa, presidente do Conselho Europeu, referiu-se à Ucrânia como o "futuro membro da União Europeia", e deixou garantias quanto ao financiamento do país para 2026 e 2027.
"Hoje tomaremos a decisão política de garantir as necessidades financeiras da Ucrânia até 2026 e 2027", sublinhou Costa antes da cimeira de líderes da UE. "Continuamos a trabalhar com a Comissão Europeia nos pormenores técnicos das soluções, mas o mais importante é a decisão política", acrescentou.
Já o presidente ucraniano aproveitou o momento para agradecer aos Estados Unidos e à União Europeia por “concordarem com novas sanções energéticas contra a Rússia”, sublinhando que as mesmas são "muito importantes". Aos jornalistas deixou ainda claro que um cessar-fogo com Moscovo “ainda é possível”.
"Um cessar-fogo ainda é possível, é claro, e todos nós precisamos de um cessar-fogo. Mas precisamos de mais pressão sobre a Rússia", referiu.