Adesão da Ucrânia à UE. PS diz-se favorável, mas defende debate sobre a "arquitetura orçamental"

Agência Lusa , CF
17 jun 2022, 22:46
O primeiro-ministro, António Costa, à chegada para falar aos jornalistas após receber os partidos com representação parlamentar, no âmbito da preparação da reunião do Conselho Europeu de 23 e 24 de junho, que discute as candidaturas de adesão à União Europeia da Ucrânia, da República da Moldova e da Geórgia, no Palácio de S. Bento, em Lisboa, 17 de junho de 2022. MIGUEL A. LOPES/LUSA

Os socialistas defendem que só esta reflexão pode "criar boas condições para termos uma UE forte, unida, capaz de cumprir os seus objetivos e acolher novos países candidatos"

O PS concordou esta sexta-feira com a concessão à Ucrânia do estatuto de país candidato à adesão à União Europeia, mas defendeu que durante esse processo deve ser aprofundada a discussão sobre a “arquitetura institucional e orçamental do espaço da UE”.

O secretário-geral adjunto do PS, João Torres, falava aos jornalistas na residência oficial do primeiro-ministro, depois da reunião com António Costa e com o secretário de Estado Adjunto, Tiago Antunes, que estão a receber os partidos com representação parlamentar para preparar o Conselho Europeu da próxima semana, em que se discutirão as candidaturas à adesão à União Europeia da Ucrânia, República da Moldova e Geórgia.

“O PS é favorável a que seja concedida à Ucrânia um horizonte de integração europeia por intermédio da concessão do estatuto de país candidato à UE. Julgamos, no entanto, que é muito importante que esse processo, que tipicamente será um processo longo e moroso, tal como sucedeu também com Portugal, que durante esse processo seja aprofundada a discussão sobre a arquitetura institucional e também orçamental do próprio espaço da UE”, afirmou.

Os socialistas consideram como positivo que seja dado “um sinal político forte” à Ucrânia por parte dos estados-membros da UE no Conselho Europeu que se realiza nos próximos dias 23 e 24 de junho, “e que seja mantida a coesão da UE”.

“A união dos diferentes estados-membros tem permitido que o apoio deste grande projeto político de paz e de prosperidade que é a UE à Ucrânia tenha sido e esteja a ser tão firme e tão sólido ao longo dos últimos meses", frisou.

João Torres fez questão de vincar que o PS "desde a primeira hora condenou a invasão da Ucrânia pela Federação Russa", classificando-a como "brutal e de uma enorme gravidade, atentando contra milhões de vida humanas e contra a integridade territorial de um país do espaço europeu".

"O PS tem também acompanhado e saudado as inúmeras manifestações de apoio de Portugal à Ucrânia por intermédio da ação governativa também e que se têm materializado através do envio de mais de duas dezenas de toneladas de material militar, mas também material não militar", disse, salientando também a disponibilidade do país no acolhimento de cidadãos ucranianos.

 

António Costa alerta que alargamento “exige reflexão” sobre futura arquitetura da UE, mas frisa: "Portugal nunca teve uma posição ambígua desde a madrugada de 24 de fevereiro"

O primeiro-ministro defendeu esta sexta-feira que um alargamento da União Europeia vai exigir uma reflexão sobre a “futura arquitetura institucional e orçamental”, dizendo esperar que todos estejam conscientes desse caminho coletivo.

No final da reunião com os partidos com representação parlamentar, que durou todo o dia de sexta-feira, António Costa anunciou que Portugal irá acompanhar o parecer da Comissão Europeia para que seja concedido à Ucrânia e à Moldova o estatuto de país candidato à União Europeia, mas fez questão de deixar alguns alertas.

“Esta perspetiva de futura integração, não só da Ucrânia e Moldova, mas também dos países dos Balcãs ocidentais, exige uma reflexão sobre a futura arquitetura institucional e orçamental da União Europeia, de forma a criar boas condições para termos uma UE forte, unida, capaz de cumprir os seus objetivos e acolher novos países candidatos”, defendeu.

Para António Costa, “ignorar estas circunstâncias significa entrar num caminho sem saber qual o caminho que vamos percorrer”.

“É preciso termos todos consciência de que não há alargamentos da UE sem que isso implique alterações da arquitetura europeia. A minha convicção é de que todos os meus colegas que têm, de forma tão emotiva, expresso os seus apoios à adesão da Ucrânia seguramente estão cientes de que essas alterações são absolutamente essenciais para que não haja frustração de expectativas”, defendeu.

Costa realçou que, no passado, processos semelhantes geraram “incompreensões relativamente” à UE.

“Por isso dizemos que, acompanhando o parecer da Comissão, não podemos desfocar do essencial: responder à emergência que a Ucrânia e os ucranianos estão a viver”, disse, salientando que o estatuto de candidato “não resolve nenhum problema concreto”.

Questionado se a posição de Portugal é agora mais clara e menos ambígua, o primeiro-ministro recusou essa classificação.

“Portugal nunca teve uma posição ambígua desde a madrugada de 24 de fevereiro. Não fomos ambíguos na condenação absoluta da guerra, não fomos ambíguos na forma como temos apoiado a Ucrânia do ponto de vista financeiro, militar, político e humanitário”, defendeu.

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