Seca, guerra e gás natural: a mistura que deve aumentar o preço da eletricidade

4 mar 2022, 01:08
Seca (EPA/Jorge Zapata)

Conflito económico da União Europeia com a Rússia acontece numa altura em que Portugal usa cada vez mais gás natural para produzir eletricidade

Num momento em que atinge preços máximos nos mercados internacionais, o gás natural é cada vez mais fundamental na produção de eletricidade em Portugal - um fenómeno que se agravou no mês de fevereiro com a seca e a proibição de produzir energia em várias barragens.

A Nigéria e os Estados Unidos foram em 2021 o maior fornecedor do gás natural que chega a território português, seguidos da Rússia, em terceiro lugar, com apenas 10%. Sem produção própria, Portugal está totalmente dependente do exterior.

Mesmo recebendo pouco gás da Rússia, o problema é que a economia mundial está toda interligada e não é por acaso que o gás natural atingiu já esta semana um novo máximo histórico nos mercados internacionais, disparando 34% na última quarta-feira, depois do escalar da guerra na Ucrânia.

Pedro Silva, analista do sector energético da Deco Proteste, confirma que os preços vão continuar pressionados à medida que o tempo passa sem uma solução para o conflito e com a natural procura de vários países europeus por alternativas ao gás natural vindo da Rússia, agravando os preços do gás mas também da eletricidade.  

Na análise da CNN Portugal aos dados disponibilizados pela REN, 42% da eletricidade produzida em Portugal em fevereiro teve como fonte o gás natural usado em centrais termoelétricas, o que representa mais do dobro do que tinha acontecido em janeiro.

Em fevereiro, o gás natural foi mesmo a principal fonte usada para produzir energia elétrica em Portugal, à frente dos 30% da eletricidade produzida com energia eólica ou dos 7% de energia hídrica vinda das barragens. 

A seca esvaziou muitas albufeiras e o governo decidiu proibir a produção de energia em cinco barragens.

"Tudo isto leva a uma maior dependência do gás, uma vez que foram fechadas as centrais a carvão que tinham uma preponderância grande e que não foram colmatadas por outras fontes", explica Pedro Silva, que sublinha que as fontes de energia renováveis estão muito dependentes do clima. 

O vento, o sol e a chuva têm altos e baixos que ainda têm de ser compensados por energias não renováveis - que, sem o carvão, se centram quase exclusivamente no gás natural.

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