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Paulo Portas acredita que não corremos risco de uma guerra nuclear mas alerta para a escalada: "A má notícia é que há um mês esse risco era nulo"

MJC
20 mar 2022, 23:47

No seu espaço de comentário semanal na TVI, Paulo Portas analisa os vários ângulo da guerra entre a Ucrânia e a Rússia e dedica umas palavras ao presidente Zelensky, que se transformou numa "rockstar" das redes sociais

Qual é o risco de entrarmos numa guerra nuclear? O comentador da TVI, Paulo Portas, considera que esse risco é baixo. Essa é a boa notícia. "A má notícia é que há um mês esse risco era nulo", diz, no seu espaço de comentário semanal, "Global". "O risco que enfrentamos agora é a escalada - não é impossível, embora deva ser controlável. Ainda não é a crise dos mísseis de Cuba mas temos que ser cautelosos."

Quase um mês depois da invasão da Ucrânia pela Rússia, as nuvens estão mais negras e sombrias na Ucrânia. "O discurso deste domingo, ao parlamento de Israel, o presidente ucraniano, Zelensky, constitui um endurecimento numa matéria onde ele tinha parecido estar disponível para fazer concessões: tinha dito antes que as populações pró-ucranianas do Donbass tinham que ser tratadas com dignidade, mas o que veio dizer hoje é que está indisponível para fazer cedências quanto à integridade territorial da Ucrânia, o que significa Crimeia e também significa que não está disponível para encontrar uma solução relativamente a Donetsk e Lugansk."

Assim, diz Paulo Portas, parece que tem razão a fonte turca que veio dizer que Putin ainda não está disponível para ter uma cimeira com Zelenski. E sublinha o "ainda" , que Portas considera ser "ainda não o esmagou o suficiente, ainda não o destruiu o suficiente para o encontrar numa mesa de negociações praticamente sem armas.

Segundo o comentador da TVI, há duas matérias onde Putin e Zelensky se poderiam entender: a não adesão à NATO e os direitos da minoria russa na Ucrânia.

E há três matérias onde aparentemente estão mais longe: o Donbass, a Crimeia e uma concessão territorial suplementar (que poderá ser a ligação até à Odessa) - o que significa alterar a natureza da Ucrânia e transformá-la num protetorado económico.

"Quanto mais o Ocidente diz que Putin sobrestimou as suas forças, mas ele precisa demonstrar que está à frente dos americanos, por exemplo nas armas hipersónicas que agora se tornaram banais", avisa Paulo Portas, que chama ainda a atenção para o ultimato russo sobre Mariupol:

"A mim Mariupol só me lembra Sarajevo. É uma devastação completa e são milhares de mortos, só saberemos o número no fim."

Sobre os mísseis hipersónicos, diz que são "uma arma muito perigosa. Mísseis de hipervelocidade, que atingem 20 a 30 vezes a velocidade do som. É um míssel que não é detetável por radar e não é estritamente previsível".


Se a União Europeia tiver cuidado com a fronteira legal, não é por fornecer armas à Ucrânia faz da Europa uma força beligerante, considera Paulo Portas. "A definição internacional do que é ser parte de um conflito implica o envio de força armada com equipamento armado para um país terceiro", explica. Portanto, facilmente se conclui que o comportamento da Rússia é ilegal e que "se a Europa e a NATO não o fizeram, nem creio que o venham a fazer, estão no limite" mas não estarão em guerra. Zonas ambíguas: o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea e o envio de tropas militares.

Finalmente, uma palavra palavra para a atuação de Zelensky, que "faz da comunicação a linha de defesa mais avançada" e já é uma "rockstar" nas redes sociais: já tinha mais de 9 milhões de seguidores no Instagram mas, com a guerra, ficou com 16,1 milhões; no Twitter passou de 480 mil seguidores e passou a ter 5,5 milhões; nem sequer usava o Facebook e agora tem mais de 2 milhões de seguidores nesta rede.

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