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Diretor da CNN Portugal

Nota editorial: os desafios de informar na (nossa) primeira guerra da era das redes sociais

6 mar 2022, 20:51

Quando no inicio dos anos 90 a primeira guerra do Golfo nos entrou em casa pela televisão, com os canais portugueses mostrando a CNN na noite de Bagdad, todos achámos que era a primeira guerra em direto. E era, de uma certa forma.

Os conflitos seguintes permitiram que, à escala global, todos pudéssemos ver (quase) tudo ao mesmo tempo. A televisão, essa ferramenta da civilização, democratizou-se, os meios de transmissão tornaram-se mais leves e os conflitos das últimas décadas chegaram-nos, pensávamos, em tempo real. O mesmo se pode dizer dos jornais, que não tendo perdido capacidade de análise, passaram a ser uma montra digital de tudo o que estava a acontecer.

O que temos então de novo?

A guerra da Ucrânia é o “nosso” primeiro conflito da era das redes sociais.

Na guerra da Síria, como nos ataques terroristas na Europa ou nas ofensivas do Daesh, tínhamos já lidado com a dispersão de informação nas redes sociais, e com a dificuldade de verificação de informação. Mas este é o primeiro conflito a preencher 24 horas por dia de informação consecutiva, e o primeiro a gerar audiências tão elevadas nos públicos portugueses. E agora com a utilização ampla de redes de mensagens como o Telegram.

A informação que chega é torrencial, as fontes são múltiplas, as origens são as mais diversas. A guerra é sempre, também, o tempo da informação e contrainformação. Isso não é novo. Na Redação Central, que distribui para três plataformas – cnnportugal.pt, CNN televisão e TVI – criámos, desde o primeiro dia, um dispositivo de verificação das fontes. É gerido por pessoas. E as pessoas cometem erros.

Na CNN Portugal, já errámos. Os erros cometidos são poucos mas ganham sempre grande visibilidade. Quando erramos pedimos desculpa. Aprendemos, melhoramos os processos de confirmação de informação e avançamos na nossa missão de informar.

O facto de termos essa equipa e essa preocupação tem permitido um controlo férreo da informação que distribuímos. Gera ampla discussão interna, faz-nos perder tempo, mas leva-nos no caminho da credibilidade, que é o mais importante.

Não por caso, a CNN Portugal tem sido o canal de informação em contínuo mais procurado, a nossa operação Digital superou todas as referências e a TVI tem ganho expressão.

Somos a única marca nacional de informação em Kiev e, sim, tal é relevante. Mas nada tem tanta relevância como a relação de confiança com os nossos espectadores e os nossos leitores. Em todas as frentes.

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