O Ministério da Defesa da Rússia anunciou que o exército já destruiu 83 alvos terrestres na Ucrânia. A Central nuclear de Chernobyl e o Aeroporto de Hostomel estão agora controlados pelas tropas russas
A invasão russa começou durante a madrugada desta quinta-feira. Há registo de vários mortos e feridos. Ouviram-se explosões e já há imagens de vários edifícios destruídos em várias cidades da Ucrânia. O Aeroporto de Hostomel, que serve Kiev, e a central elétrica de Kakhova são agora controladas pelas tropas russas, que entretanto controlaram Chernobyl.
O Ministério da Defesa da Rússia anunciou que o exército já destruiu 83 alvos terrestres na Ucrânia. Segundo noticia a agência Interfax, foram atingidos "todos os objetivos para quinta-feira". O Ministério disse ainda que o primeiro dia de invasão foi "bem-sucedido". Esta quinta-feira é o dia 1 da guerra e estes são os dados conhecidos até agora:
Alvos atacados
- Central nuclear de Chernobyl foi capturada pelas forças russas, anunciou a presidência da Ucrânia. Volodymyr Zelensky já tinha dito que os militares russos estavam a tentar tomar a central, o que de facto acabou agora por acontecer;
- Presidente Zelensky anunciou ao país que o Aeroporto de Hostomel é agora controlado por forças russas. Este é um aeroporto de Carga que serve Kiev;
- As tropas aéreas russas assumiram o controlo do Aeroporto Antonov, que fica a cerca de 40 quilómetros do centro de Kiev;
- Polícia Nacional da Ucrânia disse que as forças russas tomaram a ilha Zmiinyi, no Mar Negro;
Vítimas
- O comité de investigação da Rússia disse que três pessoas ficaram feridas por projéteis ucranianos na região de Belgorod, perto da fronteira com a Ucrânia;
- Um avião militar ucraniano despenhou-se esta manhã perto de Kiev com 14 pessoas a bordo. A Reuters, que cita fonte dos serviços de emergência ucranianos, refere que a aeronave terá sido abatida, acrescentando que há pelo menos cinco vítimas mortais;
- O presidente da Ucrânia, numa mensagem ao país, confirmou a morte de 137 cidadãos nacionais no primeiro dia de combates. Volodymy Zelensky disse que entre as vítimas mortais da ofensiva russa há militares (alguns oficiais) e civis. Há ainda registo de 316 feridos;
- O Ministro da Saúde polaco afirmou que os hospitais da Polónia estão a preparar camas para eventuais vítimas da invasão na Ucrânia;
Tropas
- Portugal vai ter 1.521 militares destacados para as forças de prontidão da NATO, aprovou esta quinta-feira o Conselho Superior de Defesa Nacional por unanimidade, depois de a reunião ter sido convocada por Marcelo Rebelo de Sousa durante a manhã;
- Dinamarca vai enviar cerca de 200 soldados para as forças militares da NATO no início de março, adiantou o ministro da Defesa dinamarquês, citado pela Reuters;
- A Alemanha está pronta para "expandir e estender" o apoio à missão de policiamento aéreo da NATO na Roménia e para ajudar com pedidos que possam surgir por parte da aliança atlântica, disse a ministro alemã da Defesa, Christine Lambrecht. Berlim tem quase mil militares na Lituânia e três jatos militares na Roménia como parte de uma unidade de combate conduzida pela NATO.
Movimento de refugiados: a crise humanitária
- Portugal está "inteiramente disponível" para receber todos aqueles que queiram fugir da "bárbara agressão russa", incluindo portugueses, luso-ucranianos e os seus familiares e amigos, disse esta quinta-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros. "Portugal é e vai ser também a sua casa de acolhimento", assegurou Augusto Santos Silva;
- A agência da ONU para os refugiados pediu aos países vizinhos para acolherem refugiados ucranianos. "Já temos relatos de mortes e de pessoas que estão a abandonar as suas casas à procura de segurança", afirmou Filippo Grandi, alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados;
- António Costa confirmou que foi estabelecido um processo de evacuação da Ucrânia dedicado a portugueses e luso-ucranianos, o qual "será ativado quando assim for solicitado". "Este plano de evacuação passa necessariamente pela utilização de países vizinhos, uma vez que o espaço aéreo na Ucrânia está encerrado", explicou.
Sanções e reações
- Os líderes do G7 decidiram esta quinta-feira um "pacote arrasador de sanções" contra a Rússia. O anúncio foi feito pelo presidente norte-americano, Joe Biden. Os países das sete maiores economias do mundo - Alemanha, França, Itália, Reino Unido, Estados Unidos, Japão e Canadá, além da representação da União Europeia, estão reunidos por videoconferência;
- O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou novas sanções contra a Rússia:
- Os principais bancos russos vão ter os seus ativos congelados e serão excluídos do sistema financeiro britânico.
- Vai ser implementada legislação para impedir que grandes empresas russas possam levantar financiamento ou obtenham empréstimos nos mercados do Reino Unido
- O congelamento de ativos será aplicado a 100 novos indivíduos e entidades (que não foram nomeados pelo primeiro-ministro)
- A companhia aérea Aeroflot não poderá aterrar no Reino Unido
- Serão suspensas as licenças de exportação de uso duplo para cobrir coisas que possam ser utilizados para fins militares
- Dentro de poucos dias o Reino Undo vai impedir as exportações de alta tecnologias e de equipamentos de refinaria de petróleo
- Vai haver um limite nos depósitos que os russos podem fazer para contas em bancos do Reino Unido
- Sanções semelhantes vão ser alargadas à Bielorrússia pelo seu papel na invasão da Ucrânia
- Proibição de viagens de Elena Alexandrovna Georgieva, presidente do Conselho do Novimbank
- República Checa vai deixar de emitir vistos para cidadãos russos;
- O primeiro-ministro espanhol admitiu que a guerra na Ucrânia e as sanções impostas pelo Ocidente à Rússia vão ter repercussões económicas em Espanha e na União Europeia, nomeadamente nos "mercados energéticos". De acordo com Pedro Sánchez, a Europa vai responder à medida das ações russas, tomando "as medidas que forem necessárias";
- A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen anunciou uma nova vaga de sanções contra a Rússia, sublinhando que estas visam limitar o crescimento económico russo, "ao aumentar a inflação, afetar a produção industrial" e travar o desenvolvimento tecnológico do país;
"Será o presidente Putin que terá de explicar isto ao povo russo. Eu sei que o povo russo não quer esta guerra", apontou von der Leyen. "Estas sanções vão ter um impacto pesado na economia russa. Aliás, a economia russa já tem sido alvo de várias sanções nas últimas semanas". Para além disso, a governante garante que a União Europeia vai fazer tudo para cortar a Rússia das "tecnologias de que precisa desesperadamente para construir o futuro";
- O primeiro-ministro italiano apelou a Putin para que pare "imediatamente" o derrame de sangue e retire "incondicionalmente" as forças russas da Ucrânia. Mario Draghi admitiu que a experiência mostra que o diálogo efetivo com o governo russo "é impossível" e que é tempo de impor "sanções muito pesadas" à Rússia, garantindo que Itália irá trabalhar com os aliados para preservar a soberania da Ucrânia;
- O primeiro-ministro húngaro, talvez o maior aliado de Putin na União Europeia e na NATO, condenou, juntamente com os restantes aliados, a invasão da Ucrânia. Viktor Orbán anunciou também que vai prestar assistência humanitária e que o país está preparado para receber refugiados, mas garante que não enviará ajuda militar.