O regresso de Donald Trump à Casa Branca e a provável diminuição do apoio à Ucrânia voltam a trazer para a mesa de discussão o envio de tropas europeias para o conflito
O envio de tropas europeias para a Ucrânia volta a estar em cima da mesa, e novamente com o presidente francês Emmanuel Macron como protagonista. Fonte militar britânica revelou ao Le Monde que “estão em andamento discussões entre o Reino Unido e França sobre a cooperação em defesa, particularmente com o objetivo de criar um núcleo duro de aliados na Europa, focado na Ucrânia e na segurança europeia mais ampla”, o que poderá incluir o envio de tropas.
Diz o jornal francês que estas declarações da fonte militar britânica, sobre o que a imprensa internacional já chama de “discussões secretas” após a visita do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, a França a 11 de novembro, corroboram o que disse o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot, em entrevista à BBC, na qual apelou aos aliados ocidentais para “não estabelecerem e expressarem linhas vermelhas” no seu apoio à Ucrânia.
No entanto, escreve esta terça-feira o Politico, apesar de o ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido não descartar totalmente o envio de tropas, também não disse que tal estaria nos planos a curto, médio ou longo prazo. “Estamos muito certos de que estamos prontos e continuamos a apoiar os ucranianos, principalmente com treino, mas há uma posição de longa data de que não enviaremos tropas do Reino Unido para o teatro de ação. (...) Essa é certamente a posição do Reino Unido e continua a ser a posição do Reino Unido neste momento”, disse David Lammy, em declarações à imprensa após a reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros do G7, em Itália. Outros membros do governo britânico também já vieram dizer que não há planos a curto prazo para o envio de soldados.
Também o ministro dos Negócios Estrangeiros de Itália, Antonio Tajani, garantiu que o país irá ajudar Kiev “politicamente, financeiramente e militarmente”, mas com uma ressalva: “Não enviaremos soldados para lutar na Ucrânia”, segundo a agência italiana de notícias ANSA.
O ministro da Defesa da Estónia, Hanno Pevkur, também já reagiu a estas eventuais movimentações e defende que a Ucrânia precisa de dinheiro militar, não de tropas europeias no terreno, como avança a Newsweek.
Apesar da insistência francesa, sobretudo de Emmanuel Macron, que por várias vezes disse que avançaria mesmo sem que outras nações o fizessem, foram vários os países, incluindo a Alemanha e Portugal, que em fevereiro descartaram a hipótese de enviar tropas para a Ucrânia, no entanto, mais nenhum para lá de França, Reino Unido e Itália se pronunciaram sobre o assunto desde a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos ou das recentes declarações dos governantes franceses e britânicos.