A equipa de veterinários continua a trabalhar para que nada falte aos animais do jardim zoológico de Kiev. Retirá-los já não é hipótese
Kyrylo Trantin passa a mão na tromba de Horace, na esperança de que o gesto possa acalmar o elefante. Com os russos a cercar Kiev, o zoo da cidade fechou as portas aos visitantes. Os animais começam a sentir a falta dessa presença.
Por isso, a equipa com cerca de 50 pessoas continua a trabalhar sem parar, para que os quatro mil animais, de 200 espécies diferentes, sintam o menos possível a guerra humana em seu redor. Com os ataques e bombardeamentos nas proximidades, a tarefa tem sido difícil. “Os animais estão aterrorizados com o som das explosões”, conta.
Incredibly heavy fighting being seen near Kiev Zoo.#UkraineUnderAttack #Kiev #Kyiv #UkraineWar #UkraineInvasion pic.twitter.com/pYZHpSGl81
— Kiev Watch (@KievWatch) February 26, 2022
Os elefantes e os animais mais sensíveis têm sido sedados. Muitos têm sido movidos para espaços interiores ou subterrâneos. É o caso de Tony, o único gorila da Ucrânia, que está agora numa galeria interna. O zoo de Kiev diz que este animal começou a sentir faltas dos visitantes e que está a fazer “o seu melhor” para “comunicar com ele”.
Retirar os animais, nesta fase, não é opção. “É impossível providenciar transportes e acompanhamento veterinário adequado”, diz Kyrylo Trantin. Há comida para pelo menos 10 dias, eletricidade, aquecimento e água, assegura o responsável.
Os zoos dos países de fronteira, como o de Poznan na Polónia, têm mostrado disponibilidade para receber animais vindos da Ucrânia. É o que está a acontecer, por exemplo, com os ursos do santuário Safe Wild de Kiev, que, segundo os últimos relatos, estavam já próximos da fronteira ucraniana.
Mas, mesmo em contexto de guerra, “a natureza não para”. E a prova disso são as duas cabras que nasceram no zoo de Kiev no domingo. A vida renova-se, como a esperança de dias sem guerra.
