"Estou a escrever isto e a chorar". Como as influencers se despediram do instagram na Rússia

14 mar 2022, 13:40
Redes sociais

Regulador russo de telecomunicações Roskomnadzo bloqueou as redes sociais Instagram, Facebook e Twitter. O bloqueio da primeira gerou revolta e até lágrimas

"Estou a escrever isto e a chorar". A mensagem de Olga Buzova, estrela da televisão russa, é uma de muitas que inundou o Instagram desde o anúncio de bloqueio da rede social em território russo. O Instagram, da gigante tecnológica norte-americana Meta, deixou hoje de estar acessível na Rússia, cujo governo acusou a rede social de espalhar apelos à violência contra os russos devido à invasão da Ucrânia.

Num vídeo emocionado, a influencer despede-se dos seguidores, agradecendo-lhes o apoio e dizendo que espera que "nada disto seja verdade" e que todos continuem por ali.

Mas Olga não foi a única a despedir-se da rede social perante a atualização da lista de sites com "acesso restrito" publicada pelo regulador russo de telecomunicações Roskomnadzor, onde já estão as redes sociais Facebook e Twitter e vários órgãos de comunicação social críticos do poder russo.

De acordo com o jornal "Washington Post", depois do anúncio de que não seria possível atualizar a aplicação do Instagram para telemóveis, nem aceder à página da rede social na Internet, vários foram os utilizadores, principalmente aqueles que faziam da rede social o seu ganha pão, que correram a fazer publicações de despedida e a publicitar os canais de Telegram entretanto criados para continuar a comunicar com os seguidores.

Desde pequenos a médios negócios, passando por influencers, até a organizações que dependem do Instagram para angariar dinheiro para as suas causas, os apelos surgiram de todo o lado.

"O Instagram não são só fotografias. É também um grande número de empregos e uma oportunidade de nos envolvermos em boas ações", escreveu um abrigo para cães de Moscovo chamado Husky Help e que considera o Instagram uma comunidade “acumulada ao longo dos anos” e “uma das ferramentas principais de ajuda aos cães”.

Silenciar quem criticou a guerra

Kseniya Sobchak foi uma das personalidades russas que criticou a invasão russa e abandonou o país. Numa publicação feita a 12 de fevereiro, a influencer, que tem mais de 9 milhões de seguidores, publicou uma fotografia onde aparece com um vestido preto para se despedir da rede social.

"Despeço-me sem longos discursos - sou simplesmente grata a cada um dos 9 milhões e pelo facto da minha página ter sido interessante para vocês, pela minha explosão diária direta, pela comunidade que se formou ao longo dos anos", escreveu Kseniya, antes de divulgar as contas de Telegram que criou.

 

Karina Nigay, influencer de moda, tem mais de 2.9 seguidores, e mostrou-se a chorar aos seguidores, visivelmente pertubada pela decisão do Roskomnadzor. A publicação foi entretanto eliminada e a influencer já mostrou que se mantém ativa na rede social através do serviço de vpn.

"Este é o meu trabalho. Imaginem serem completamente despedidos do trabalho e não receberem dinheiro nenhum, mas ao mesmo tempo terem despesas com a família, com a vossa equipa, se tiverem, e, de repente, não terem nada para lhes pagar", afirmou.

Apesar das publicações de despedida, a realidade é que muitas contas continuam ativas: ou porque os influencers saíram do país, ou porque conseguiram acesso a VPN's para aceder às contas, ou porque foram migradas para o Telegram, que ainda continua ativo na Rússia, à semelhança do YouTube.

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