A Leste tudo de novo: os cuidados de um jornalista na frente de guerra

19 fev 2022, 15:52
Diários de Kiev (DR)

O que significa ir a caminho de uma guerra, da frente de combate? Para um jornalista significa preparar o equipamento, que vai muito para além da habitual câmara, tripé, microfone, baterias, computadores e outros acessórios. Leva-se também coletes anti-bala e capacetes blindados. Estojo de primeiros-socorros, mantimentos. Preparados para o pior, mas sempre com as devidas precauções de segurança

Lidas estas linhas a quatro quilómetros de distância, poderá estar a pensar que é demasiado perigoso. E se pararmos para pensar, ninguém no seu prefeito juízo sairá do conforto da sua casa para viver nestas circunstâncias. Mas o jornalismo impele-nos a enfrentar estas situações. Somos chamados a estar presentes, não como um soldado, não como um médico ou socorrista, mas respondendo a uma espécie de urgência pela missão de informar. Isso é que nos alimenta e convence de que estamos no sítio certo.

A adrenalina é um dos elementos mais presentes por estes dias aqui na Ucrânia. Numa altura em que viajamos de comboio para sudeste, para bem mais perto da zona de conflito, sabemos que não nos podemos deixar levar por essa química e que não podemos perder a noção dos riscos. Por isso somos três: eu, o David Luz e o Vlad, o nosso fixer. Trata-se uma pessoa local, habituado a trabalhar com jornalistas, que já tem noção do que nós queremos fazer no terreno, sabe falar ucraniano, russo e inglês, facilita contactos e traduz as entrevistas. Nenhum repórter pode ir para uma zona de guerra sem este tipo de ajuda.

Depois de termos estado em Kiev e em várias outras zonas do norte do país, está na altura de chegarmos a Dnipro, quarta maior cidade da Ucrânia, com um milhão de habitantes. Fica a poucos quilómetros de Donbass, onde já se ouve o estalar da guerra e os bombardeamentos constantes. Esta é uma das metrópoles que os russos alegadamente pretendem tomar. Durante décadas esteve fechada a estrangeiros, porque aqui desenvolviam-se foguetões para a missão espacial soviética. É um centro industrial e político, que fica demasiado perto da zona de conflito.

Vlad pergunta de que lado do rio fica o nosso hotel? “É preferível que fique na margem direita, só no caso de alguma coisa acontecer”. Sim, fica. É o tipo de precauções de segurança que temos de ter quando vamos para estes locais.

 

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