Nova ofensiva russa na Ucrânia "é mais ambiciosa do que realista"

CNN , Jim Sciutto, correspondente-chefe de segurança nacional
16 fev 2023, 08:00
Tropas russas na Ucrânia (AP Images)

Autoridades norte-americanas e britânicas não acreditam que a Rússia esteja mais bem preparada e que só a pressão política do Kremlin justifica o presente avanço no terreno

À medida que a Rússia inicia uma nova ofensiva no leste da Ucrânia, os Estados Unidos e os seus aliados estão céticos de que Moscovo tenha acumulado mão-de-obra e recursos para conseguir ganhos significativos, garantem autoridades norte-americanas, britânicas e ucranianas à CNN. "É provavelmente mais ambiciosa do que realista", disse uma alta patente militar dos EUA.

A Rússia tem vindo a aumentar o número de forças situadas na sua fronteira e dentro do território que controla na Ucrânia, algumas oriundas da mobilização parcial ordenada em setembro passado. Apesar dos números crescentes, os aliados ocidentais não viram provas de mudanças suficientes na capacidade dessas forças para levar a cabo operações combinadas de combate, necessárias para tomar e manter um novo território.

"É improvável que as forças russas estejam mais bem organizadas e, portanto, igualmente improvável que sejam bem-sucedidas, embora pareçam dispostas a enviar mais tropas para servirem de carne para canhão", disse um alto funcionário britânico à CNN.

Os militares norte-americanos tinham avaliado que levaria até maio para os militares russos restaurarem poder suficiente para uma ofensiva sustentada, mas os líderes russos quiseram entrar em ação mais cedo. Os EUA veem agora como provável que as forças russas estejam em movimento antes de estarem prontas devido à pressão política do Kremlin, disse o alto funcionário militar norte-americano à CNN.

Embora as autoridades ucranianas tenham feito soar o alarme sobre novos ataques russos no leste, há também ceticismo do lado ucraniano sobre as capacidades russas, tal como essas forças se encontram atualmente.

"Reuniram efetivos suficientes para tomar uma ou duas pequenas cidades no Donbass, mas é só isso", disse à CNN um diplomata ucraniano. "Dececionante, comparando com a sensação de pânico que estavam a tentar criar na Ucrânia."

À medida que a guerra se aproxima do seu primeiro aniversário, no final da próxima semana, a Ucrânia tem mantido a pressão sobre os líderes ocidentais no sentido de fornecerem armas mais avançadas e de maior alcance para defender e lutar contra a Rússia. Em janeiro, os EUA, o Reino Unido e a Alemanha concordaram em enviar carros de combate modernos, mas agora a Ucrânia está a exercer pressão para que sejam enviados caças e mísseis de longo alcance.

No início deste mês, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, alertou que "a Rússia está agora a concentrar as suas forças e a preparar-se para uma tentativa de vingança não só contra a Ucrânia, mas também contra a Europa livre e o mundo livre".

Zelensky disse acreditar que uma nova ofensiva russa - prevista pelos seus comandantes em dezembro - tinha já começado.

O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, disse na terça-feira em Bruxelas que os EUA não observaram a Rússia "a reunir os seus aviões" para uma operação aérea contra a Ucrânia.

"Se a Rússia está ou não a reunir os seus aviões para algum ataque aéreo maciço, não é o que estamos a ver. Sabemos que a Rússia tem um número substancial de aviões no seu inventário e ainda muita capacidade", disse. "É por isso que temos enfatizado que precisamos de fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para que a Ucrânia consiga o máximo possível de capacidade de defesa aérea."

Austin também disse que espera que a Ucrânia "conduza uma ofensiva algures na primavera".

Haley Britzky contribuiu para este artigo

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