McDonald's e Coca-Cola permanecem na Rússia e os apelos ao boicote sobem de tom

8 mar 2022, 13:34
McDonald´s

#BoycottMcDonalds e #BoycottCocaCola são agora temas populares nas redes sociais

Desde o começo da invasão russa da Ucrânia, muitas foram as marcas que comunicaram a saída ou a suspensão das atividades económicas na Rússia. No entanto, há quem se mantenha no território russo e a operar a 100%.

É o caso da McDonald's e da Coca-Cola. As duas gigantes norte-americanas têm sido amplamente criticadas por não terem condenado os ataques e por continuarem a operar na Rússia depois de companhias como Apple, IKEA, Nike e Galp terem abandonado o país.

Segundo a BBC, até ao momento, nenhuma das empresas comentou a decisão. A McDonald's tem 847 restaurantes em território russo.

Nas redes sociais, como o Twitter, os temas #BoycottMcDonalds e #BoycottCocaCola eram os mais populares nos utilizadores quer durante o fim de semana, quer durante a segunda-feira, à qual se juntam os pedidos de boicote outras marcas como a Pepsi, a Hyundai, o Burger King, a Starbucks e também o KFC, que tem mais de mil restaurantes na Rússia.

Esta terça-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano fez um apelo "às empresas globais ética e socialmente responsáveis" para que "interrompam ou suspendam as operações com ou na Rússia".

"A Ucrânia pede às empresas globais ética e socialmente responsáveis que interrompam ou suspendam as operações com ou na Rússia, recusando-se assim a financiar a violência, homicídio e crimes contra a humanidade", escreveu Dmytro Kulema na mensagem que acompanha o comunicado.

O presidente da Starbucks, Kevin Johnson, também emitiu um comunicado. "Condenamos os ataques não provocados, injustos e horríveis à Ucrânia. Os nossos corações estão com todos os afetados", escreveu o presidente da cadeia de cafés. 

Johnson diz ainda que, apesar da companhia não ter lojas na Ucrânia, na Rússia existem 130 lojas que "são de propriedade integral e operados por um parceiro licenciado" e que a Starbucks doou 500 mil dólares à Cruz Vermelha e à Fundação World Central Kitchen para ajudar a Ucrânia.

Em declarações à BBC, Kleio Akrivou, professora de ética empresarial na Henley Business School, no Reino Unido, considerou que a decisão de abandonar a Rússia pode ser difícil para companhias de alimentação, uma vez que este tipo de "sanções" podem colocar a população em situação de privação de bens.

"Quando se trata de sanções que privam a população russa dos seus bens básicos e dignidade, as empresas podem precisar de abordar a situação com mais ponderação, apelando à razão prática", afirmou a docente, acrescentando que é tempo das cadeias de fast food analisarem como é que as pessoas são afetadas por estas decisões, assim como os riscos que isso tem para a reputação das marcas.

Por sua vez, Ian Peters, diretor do Instituto de Ética Empresarial de Londres, considerou que não é altura para "ficar de fora", uma vez que as companhias estão a ser julgadas globalmente pelas ações que tomam e que "o julgamento ético" é tão importante quanto as sanções governamentais.

"Provavelmente, estas empresas vão ser julgadas pelo mundo por aquilo que fazem nestas circunstâncias, e o julgamento ético vai ser tão importante como o cumprimento das regulamentações e sanções governamentais. Aconselhamos estas empresas a olharem sempre para o panorama geral e procurarem fazer a coisa certa, colocando os interesses mais gerais acima dos lucros a curto prazo", afirmou.

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