Quanto vai custar à Europa a Ucrânia sem os EUA? 20 vezes mais que até aqui

CNN Portugal , ARC
13 fev, 17:54
Bandeiras da União Europeia e da Ucrânia. Foto: AP

Contas feitas pela Bloomberg Economics mostram uma realidade difícil sem o apoio americano

A Ucrânia pode tornar-se um pesado fardo para os países europeus, depois de os EUA terem transferido a responsabilidade do apoio para este lado do Atlântico. Para assumir a dianteira do apoio ao esforço de guerra, a Europa vai agora precisar de fazer disparar o dinheiro atribuído a Kiev para cerca de três biliões de euros.

O valor é apresentado pela Bloomberg Economics e projetado para os próximos 10 anos, a par da necessidade de expansão das próprias Forças Armadas dos aliados europeus. O jornal analisou o custo do apoio a Kiev através de negociações, da reconstrução do país e do reforço das defesas.

Só a renovação das Forças Armadas da Ucrânia pode custar cerca de 175 mil milhões no prazo de 10 anos, dependendo do estado em que estiverem aquando de um possível acordo de paz com a Rússia. A esse valor somam-se cerca de 30 mil milhões durante o mesmo período temporal para a criação de uma força de manutenção de paz com 400 mil efetivos e cerca de 486 mil milhões para a reconstrução do país, a que o jornal chega com base na estimativa do Banco Mundial.

A Bloomberg prevê ainda que os gastos sejam mais elevados para os bolsos europeus no primeiro ano após o fim do conflito, devido às necessidades ucranianas, e que estes vão diminuindo gradualmente nos anos seguintes, à medida que a Ucrânia for reconstruindo as suas reservas. Mas é este um valor que os 27 podem gastar?

A verdade é que até agora, num momento em que a guerra se aproxima dos três anos, a União Europeia (UE) atribuiu apenas cerca de 145 mil milhões de euros em assistência financeira, militar, humanitária e aos refugiados à Ucrânia, segundo os cálculos do Serviço Europeu de Ação Externa (EEAS, na sigla original). Este valor corresponde, aproximadamente, a apenas 5% dos três biliões que seriam necessários para apoiar o esforço de guerra, sem a ajuda dos EUA. O mesmo é dizer que é preciso um valor 20 vezes superior ao já investido.

Por este motivo, conforme garante o jornal, um encargo desta dimensão pode expor as fraturas que a UE tem vindo a encobrir, já que os europeus podem não estar preparados para tal. Além dos 145 mil milhões de euros disponibilizados até agora, o PIB da Zona Euro é de 17 biliões de euros no total, o que significaria que um sexto desse valor teria de ser direcionado para a defesa.

As contas começam a ser feitas depois da tomada de posse da nova administração norte-americana, que tenciona tentar dissociar-se da Europa e tornar o conflito na Ucrânia um problema totalmente europeu. Foi precisamente o que disse o secretário da Defesa dos EUA, Pete Hegseth,  na quarta-feira, em declarações antes de uma reunião do Grupo de Contacto de Defesa da Ucrânia: “Estamos aqui hoje para expressar, de forma direta e inequívoca, que as realidades estratégicas impedem os Estados Unidos da América de se concentrarem principalmente na segurança da Europa”.

Também na quarta-feira Donald Trump falou com Vladimir Putin, com quem se vai encontrar na Arábia Saudita, num telefonema em que ambos concordaram em arrancar "imediatamente" com negociações para terminar com a guerra na Ucrânia.

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