Reunião NATO-Rússia marcada por "diferenças significativas que não serão fáceis de ultrapassar", mas ainda há espaço para diálogo

Beatriz Céu , (atualizada com Lusa às 18:28)
12 jan 2022, 15:42

O braço de ferro entre o Ocidente com a Rússia continua num impasse, depois de uma reunião entre representantes dos dois lados em Bruxelas de mais de quatro horas que não terminou com uma decisão final

O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, adiantou que a reunião desta quarta-feira entre representantes da NATO e da Rússia quanto à situação na Ucrânia "não foi uma discussão fácil", até porque ambas as partes assumem "diferenças que não serão fáceis de ultrapassar".

Ainda assim, o responsável indicou que os dois lados "manifestaram a necessidade de continuar o diálogo", numa altura em que o ocidente receia uma eventual invasão da Ucrânia face à escalada militar russa na fronteira com o território ucraniano.

“Esta não foi uma discussão fácil, mas é precisamente por isso que esta reunião é tão importante”, declarou o responsável, após a reunião que durou cerca de quatro horas.

“Tivemos uma discussão muito séria e direta sobre a situação da Ucrânia e as implicações para a segurança europeia. Há diferenças significativas entre os aliados da NATO e da Rússia nestas questões. As nossas diferenças não serão fáceis de ultrapassar, mas esta discussão já foi um sinal positivo”, acrescentou Stoltenberg.

NATO alerta para “sério risco de novo conflito armado na Europa” face investidas russas

Jens Stoltenberg admitiu anda que existe um "sério risco de um novo conflito armado na Europa" face às investidas russas no país vizinho, reiterando as "consequências severas" que poderão resultar para Moscovo caso dê um passo nesse sentido.

“Há um sério risco de um novo conflito armado na Europa, mas é exatamente por isso que a reunião de hoje e as outras reuniões que se realizam esta semana são tão importantes porque faremos o que pudermos para prevenir um novo conflito armado”, declarou.

Os representantes da NATO e da Rússia reuniram-se esta quarta-feira em Bruxelas para um diálogo que foi considerado por muitos especialistas como uma reunião determinante para as relações entre Moscovo e a Aliança Atlântica.

Após a reunião, a secretária de Estado Adjunta dos Estados Unidos, Wendy Sherman, recorreu à rede social Twitter para defender que qualquer país tem o direito de integrar a NATO se assim o desejar.

"Eu reafirmei os princípios fundamentais do sistema internacional e da segurança europeia: qualquer país tem o direito soberano de escolher o seu próprio caminho", afirmou.

Por sua vez, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo Alexandre Grushko, que também participou no encontro, reconheceu “enormes divergências entre as duas partes sobre questões fundamentais” e assegurou que as tentativas da Aliança de construir a segurança na Europa “contra e sem a Rússia” estão condenadas ao fracasso.

“Partimos do princípio de que a segurança indivisível deve ter em consideração os interesses de todos e que as tentativas de construir a segurança contra e sem a Rússia são contraproducentes e estão condenadas a fracassar”, disse.

A Rússia reclama um compromisso da NATO de não integrar a Ucrânia na aliança militar, algo que os Estados Unidos rejeitam. Em resposta, Moscovo tem aumentado o cerco militar na fronteira com o território russo, com um contingente de mais de 100 mil militares, e as potências ocidentais temem uma eventual invasão daquele país.

Embora a Rússia afirme que não há razões para tal receio, os Estados Unidos salientam que a Rússia não deu resposta ao pedido dos norte-americanos de “desescalada” na fronteira ucraniana.

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