Santos Silva deu 13 segundos ao PCP para condenar a invasão da Ucrânia mas o PCP diz que é a América e não Putin que está a fazer a guerra

Agência Lusa , BCE
24 fev 2022, 18:32
Debate e votação parlamentar do Orçamento do Estado para 2022

Partido é também contra o envio de militares portugueses

O PCP considerou esta quinta-feira que a “guerra não é solução” para a resolução da situação entre a Ucrânia e a Rússia e exortou o Governo a contrariar a “escalada de confrontação política” impedindo o envolvimento de militares portugueses.

“A guerra não é solução seja para que problema for e é preciso fazer esforços para a evitar”, sustentou o líder parlamentar comunista, João Oliveira, durante um debate da comissão Permanente da Assembleia da República, com a participação do ministro dos Negócios Estrangeiros, sobre a invasão da Rússia à Ucrânia, durante a madrugada desta quinta-feira.

O PCP foi o único partido até agora a recusar condenar o Presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, pela invasão do território ucraniano e João Oliveira referiu que é “evidente que a situação que se vive na Ucrânia não é um problema entre russos e ucranianos, nem apenas uma disputa por território ou demarcação de fronteiras”.

“O problema é mais profundo, mais amplo e ultrapassa em muito o leste europeu”, argumentou, apontando o dedo aos Estados Unidos da América (EUA), “os verdadeiros interessados numa nova guerra na Europa” e que estão “dispostos a sacrificar até ao último ucraniano ou europeu para a promover”.

Na ótica do PCP, Washington está a promover uma nova guerra “a milhares de quilómetros das suas fronteiras” para “desviar atenções de problemas internos” e “assegurar a venda de armamento em larga escala”.

O dirigente da bancada comunista disse ainda que “não é expectável que a Rússia, cujo povo conheceu na história colossais agressões, venha a considerar aceitável que o inimigo”, ou seja, a Aliança do Tratado do Atlântico Norte (NATO) “esteja acampado nas suas fronteiras ou lhe faça um cerco militar por via de um ainda maior alargamento”.

Na resposta às declarações do PCP, o chefe da diplomacia portuguesa, Augusto Santos Silva, disse que tinha registado que os comunistas não condenaram a invasão russa decidida por Putin. “Ainda tem 13 segundos para o fazer”, desafiou Santos Silva.

No entanto, João Oliveira disse que o governante pediu ao PCP para condenar “apenas uma circunstância”. “Condenamos todos o caminho que nos trouxe até aqui e condenamos todas as ações que contribuem para o mesmo objetivo. A escalada de confrontação política, económica e militar não é um ato ou uma circunstância isolada”, completou, alegando que para isso contribuiu a “extensão, durante 30 anos, das fronteiras da NATO” com a Rússia.

O líder parlamentar comunista finalizou que “é preciso condenar tudo aquilo que contribua para um desfecho violento deste conflito”. Santos Silva respondeu que “essa técnica de querer condenar tudo ao mesmo tempo é o melhor disfarce” para recusar condenar o Kremlin.

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