Tutti Frutti: Marques Mendes realça que reportagem da TVI "tem o mérito de mostrar ao país o lado do aparelho e das negociatas"

28 mai 2023, 23:19
Luís Marques Mendes no lançamento do livro "O Governador" (Lusa/Miguel A. Lopes)

A investigação denunciou uma alegada troca de favores entre PS e PSD na preparação das listas para as eleições autárquicas de 2017, de forma a garantir a manutenção de certas freguesias lisboetas, citando escutas e emails que envolvem também os atuais ministros das Finanças e do Ambiente, Fernando Medina e Duarte Cordeiro

O comentador da SIC Luís Marques Mendes destacou este domingo, no seu habitual espaço de opinião, "o mérito da TVI" ao revelar as escutas que demonstram “o lado do aparelho e das negociatas” da política com os acordos entre o PS e o PSD, em Lisboa, nas reportagens sobre a Operação Tutti, divulgadas durante a última semana pela TVI e pela CNN Portugal. 

“A parte ainda mais grave é a parte política. A reportagem televisiva da TVI tem o mérito de mostrar ao país o lado pior que os partidos têm, o lado do aparelho e das negociatas. Isto não é novo, mas é muito preocupante”, afirmou o comentador.

A investigação denunciou uma alegada troca de favores entre PS e PSD na preparação das listas para as eleições autárquicas de 2017, de forma a garantir a manutenção de certas freguesias lisboetas, citando escutas e emails que envolvem também os atuais ministros das Finanças e do Ambiente, Fernando Medina e Duarte Cordeiro, respetivamente. Em causa estão alegados crimes de corrupção, abuso de poder e uso ilícito de cargo político, entre outros.

O histórico líder social-democrata destacou ainda a importância de as escutas telefónicas terem sido divulgadas e que, mesmo que possam não constituir um crime, estas são igualmente perigosas para a democracia por demonstrarem a existência de “promiscuidade, compadrio e corrupção”.

“Há escutas telefónicas divulgadas que mostram que houve estas conversas. Há um despacho do MP que mostra que houve estas conversas. Há quem diga que não é crime, mas em termos de gravidade é igual a crime, porque isto é promiscuidade, compadrio e corrupção política e democrática. É o lado mais negro do chamado Bloco Central de Interesses”, acrescentou.

Para Marques Mendes, a situação impõe a intervenção por parte dos líderes dos dois principais partidos, particularmente do primeiro-ministro, que considera não ser “muito sensível ao lado ético da política”. Sobre Luís Montenegro, o comentador acredita que este caso é um teste importante à sua liderança, mas que pode acabar por ser um bom para o líder dos PSD se afirmar e fazer uma “limpeza política”.

“Impõe-se alguma atitude dos líderes do PS e do PSD. Nós já sabemos que António Costa não é muito sensível ao lado ético da política, como se vê na governação que empurra sempre com a barriga. Vai ter de se pronunciar. Luís Montenegro tem aqui uma oportunidade de fazer uma limpeza política indispensável. É um teste à sua liderança”, afirma.

O comentador analisou ainda a dimensão judicial da Operação Tutti Frutti, tecendo duras críticas contra a postura do Ministério Público neste caso que “decorre à sete ou oito anos e que ainda não tem arguidos”. Marques Mendes critica o facto de os suspeitos mencionados na investigação ainda não terem sido ouvidos.

Existe ainda, no seu entender, o perigo de estarmos perante mais “um megaprocesso” que pode tornar toda a situação “ingerível” e que pode alimentar o fantasma das prescrições.

 “Não aprendemos nada com os megaprocessos anteriores?”, questionou.

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