Número de mortos do sismo sobe para mais de 33.100 na Turquia e Síria

Agência Lusa , AM - notícia atualizada às 14:38
12 fev 2023, 08:11

Cinco dias depois dos fortes terramotos que assolaram os dois países, ainda continuam a ser encontrados sobreviventes

O número de mortos causados pelos terramotos na Turquia e na Síria ultrapassou os 33.100, de acordo com os mais recentes relatórios oficiais dos dois países, enquanto prosseguem as operações para resgatar sobreviventes entre os escombros.

O terramoto de magnitude 7,8 na escala de Richter matou pelo menos 33.179 pessoas - 29.605 na Turquia e 3.574 na Síria -, de acordo com os mais recentes números oficiais das autoridades turcas e sírias avançados pela agência France-Presse.

Os números atualizados hoje referem também que 92.600 pessoas ficaram feridas neste desastre natural.

Cinco dias depois dos fortes terramotos que assolaram os dois países, ainda continuam a ser encontrados sobreviventes, incluindo um bebé de 7 meses, apesar das dificuldades de segurança que as equipas de salvamento enfrentam.

O subsecretário-geral da ONU para os Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, alertou que, no entanto, o número de mortos vai “duplicar ou mais”.

“Acho difícil estimar [um balanço] precisamente porque temos que começar a escavar por baixo dos escombros, mas tenho a certeza que vai duplicar, ou mais”, disse Griffiths à televisão britânica Sky News.

"Ainda não começámos realmente a contar o número de mortos", acrescentou o também Coordenador de Socorro de Emergência da ONU, que visitou no sábado a cidade de Kahramanmaras, no sudeste da Turquia, perto do epicentro dos sismos.

Casos de sarna e febre começam a surgir entre os sobreviventes

Um médico turco que presta apoio em Kahramanmaraş afirmou à agência Lusa que começam a surgir casos de sarna, diarreia e febre face à falta de condições de higiene e saúde daqueles que sobreviveram ao sismo.

“Há falta de higiene e de condições básicas de saúde. Não há fraldas, pensos higiénicos, papel higiénico, não há casas de banho”, notou o médico Abdullah AlBayrak, da organização não governamental Dünya Doktorları (Médicos do Mundo), que presta apoio médico em Kahramanmaraş.

Segundo o médico, começam a surgir casos de diarreia, sarna e febre entre os sobreviventes do sismo face à falta de condições de higiene e de saúde.

Apesar de considerar que ainda não se está perante uma situação epidémica, notou que é fácil “o contágio” no atual contexto, em que as pessoas se agrupam, junto dos destroços, e dormem em pequenas tendas.

Mais de 110 mandados de detenção por negligência na construção

A Justiça turca criou uma unidade especial para investigar possíveis negligências na construção dos edifícios que desabaram com os sismos de segunda-feira e já emitiu mais de 110 mandados de detenção, anunciou o vice-presidente da Turquia.

Segundo a imprensa local, a polícia turca deteve no sábado pelo menos 14 pessoas nas províncias de Gaziantep e Sanliurfa e entre elas figuram construtores e engenheiros civis.

Pelo menos 6.000 edifícios desabaram na Turquia e o número de mortos já ultrapassa os 28.000, levantando questões sobre se a tragédia poderia ter sido menor se fossem aplicados critérios de construção mais rígidos.

Muitos cidadãos também se perguntam se o governo do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, poderia ter feito mais para salvar vidas. 

Com as eleições presidenciais em maio, a gestão do desastre e as explicações para a grande quantidade de edifícios que ruíram podem determinar o destino do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, nas urnas. 

O vice-presidente turco, Fuat Oktay, lembrou que o Ministério da Justiça defende que é “crucial” reunir provas e impor medidas cautelares aos suspeitos para evitar que fujam do país. 

Na sexta-feira, a polícia deteve um construtor turco de um condomínio residencial de luxo na província de Hatay que desabou com mais de uma centena de pessoas dentro. A detenção ocorreu quando o construtor se preparava para embarcar em Istambul para fugir para Montenegro.

O "Renaissance Residence", construído em 2013, era um dos edifícios mais exclusivos de Antioquia, capital de Hatay, anunciando os apartamentos como "uma imagem do paraíso", garantindo que a construção seguiu os mais rígidos critérios de qualidade e segurança.

Noutra investigação, o Ministério Público ordenou a prisão de 33 pessoas em Diyarbakir (sudeste do país, capital da província homónima na região da Anatólia) por negligência na remoção de pilares para ganhar espaço nas residências, o que afetou a resistência estrutural.

Estas detenções são os primeiros passos do Estado para apurar responsabilidades numa altura em que sobem de tom as críticas à má qualidade das habitações, algo que muitos atribuem à corrupção e aos escassos processos de fiscalização.

Embora a Turquia tenha regulamentos sobre resistência sísmica na construção, as medidas raramente são aplicadas, mesmo em edifícios mais recentes, que deveriam ter resistido melhor a terremotos.

Além disso, sob o governo de Erdogan, foram aplicadas várias amnistias a edifícios que não cumpriram os regulamentos, incluindo resistência sísmica, tendo a situação sido regularizada com o pagamento de uma multa.

A Síria e a Turquia foram atingidas, na madrugada de segunda-feira, por um terramoto de magnitude 7,8 na escala de Richter, a que se seguiram várias réplicas, uma das quais de magnitude 7,5.

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