Após mais um passo considerado histórico, grupo ressalta que a libertação de Abdullah Ocalan, preso há 26 anos, é fulcral para se alcançar a paz
O Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) anunciou este domingo que vai retirar “todas as suas forças” da Turquia para o norte do Iraque, um passo considerado histórico no âmbito do processo de paz em curso com Ancara.
“Estamos a proceder à retirada de todas as nossas forças na Turquia”, encontrando-se já 25 combatentes, homens e mulheres, no norte do Iraque, declarou o PKK num comunicado divulgado pela agência noticiosa Firat esta manhã.
Numa conferência de imprensa realizada no norte do Iraque, junto a duas grandes fotografias de Abdullah Ocalan, fundador do PKK, os líderes do grupo destacaram os “passos significativos de importância histórica” que deram para alcançar uma “sociedade pacífica e democrática”, aos quais se junta agora a declaração de retirada da Turquia.
“Estamos a levar a cabo a retirada de todas as nossas forças na Turquia, que representam um risco de conflito dentro das fronteiras turcas e são vulneráveis a possíveis provocações”, referiu o grupo armado curdo, num comunicado lido aos meios de comunicação pelo membro do seu Conselho Executivo Sabri Ok e publicado pela agência Firat.
A retirada dos derradeiros combatentes curdos da Turquia surge meses depois de o PKK ter anunciado a sua dissolução e o fim de "todas as atividades" de insurgência na Turquia, depois de décadas de um conflito pela autonomia do Curdistão que terá resultado em cerca de 40 mil mortos.
Na altura, o PKK afirmou que "a reconstrução das relações turco-curdas é inevitável" e que a decisão foi influenciada pelos "atuais desenvolvimentos" no Médio Oriente.
Em reação, o Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), do presidente Recep Tayyip Erdogan, afirmou que a decisão poderá conduzir a uma “nova era”.
“Se o terrorismo acabar completamente, abrir-se-á a porta para uma nova era”, disse Omer Celik, porta-voz do AKP, acrescentando que “esta decisão deve ser implementada na prática e concretizada em todas as suas dimensões”.
Libertação de Ocalan é "crucial" para a paz
A libertação do líder do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), Abdullah Ocalan, atualmente preso, é “crucial” para o sucesso do processo de paz com a Turquia, afirmou entretanto à Agence France Press (AFP) um dirigente do grupo à margem do anúncio no norte do Iraque.
A libertação do líder curdo “é crucial para que este processo avance com maior eficácia”, afirmou o responsável, após o PKK ter anunciado que iria retirar todos os seus combatentes da Turquia para o norte do Iraque, onde os guerrilheiros têm as suas bases.
Ocalan está preso na ilha-prisão de İmralı desde fevereiro de 1999, após ter sido capturado nesse mês pelos serviços secretos turcos em Nairobi, capital do Quénia, sob acusações de terrorismo.
[atualizado às 14:45]
