"Estamos juntos até ao túmulo". Erdogan vence presidenciais da Turquia

28 mai 2023, 18:29
Apoiantes de Erdogan celebram reeleição (Khalil Hamra/AP)

Presidente deixou um irónico "adeus" ao candidato da oposição

O presidente da Turquia reclamou ao final da tarde deste domingo a vitória nas eleições presidenciais, assumindo uma reeleição dura, depois de uma segunda volta muito disputada com o candidato da oposição. O discurso ocorreu ainda antes de serem conhecidos os resultados oficiais, que acabaram por confirmar a reeleição: Recep Tayyip Erdogan terminou com 52,14% dos votos, enquanto Kemal Kiliçdaroglu obteve 47,86%.

Num discurso a partir de Istambul, Erdogan agradeceu ao povo a “responsabilidade de governar pelos próximos cinco anos”.

“Se Deus quiser eu vou ser merecedor da vossa confiança, tal como tenho sido nos últimos 21 anos”, acrescentou, num discurso que começou por uma canção com os apoiantes.

"Estamos juntos até ao túmulo", reiterou, deixando um irónico "adeus" a Kemal Kiliçdaroglu, o candidato da oposição.

Perante os apoiantes, o chefe de Estado, que está há 20 anos no poder, garantiu que vai cumprir “todas as promessas feitas ao povo” e salientou que cada eleição é “um renascimento”.

Opositor reconhece derrota

O opositor Kemal Kiliçdaroglu também já concedeu a derrota, lamentando aos seus apoiantes que não tenha conseguido “defender os seus direitos”.

“Eu não fugi perante uma estrutura injusta, não posso ser um diabo silencioso e não vou ser”, disse.

Ainda antes de ser oficializada a reeleição de Erdogan, o opositor admitiu a derrota, mas prometendo que vai continuar ao lado dos turcos que precisam. “Não posso ficar quieto contra milhões de pessoas que se estão a tornar cidadãos de segunda classe neste país”, reiterou, pedindo-lhes desculpa por não ter alcançado o objetivo.

Apesar disso, Kiliçdaroglu promete “continuar a lutar” para defender os direitos dos turcos, agradecendo especialmente “às mulheres e aos jovens” a participação nas eleições, as primeiras que obrigaram Erdogan a uma segunda volta.

“O desejo popular de apoiar um regime totalitário venceu”, terminou, voltando a sublinhar que “a batalha continua”.

Apesar de ainda não estarem contados todos os votos, os resultados divulgados pelos vários meios de comunicação da Turquia, a favor e contra o presidente, dão a vitória a Erdogan, que é presidente do país desde 2014, tendo sido primeiro-ministro nos 11 anos anteriores.

A oposição turca voltou a denunciar irregularidades na segunda volta das eleições presidenciais, como ataques físicos contra observadores eleitorais na região Sudoeste e votos falsos. O partido social-democrata CHP reportou a existência de votos em nome de pessoas que não constam das listas, o registo de mortos como eleitores e a entrega de boletins pré-preenchidos.

Esta segunda volta aconteceu depois de nenhum dos candidatos ter conseguido obter mais de 50% dos votos para vencer na primeira volta. O presidente turco obteve a percentagem de votos mais baixa desde que se candidatou ao cargo da presidência, no entanto, conseguiu ficar à frente do seu opositor, cujas sondagens apontavam como o favorito. 

Erdogan, islamista conservador, no poder desde 2014, obteve 49,5% dos votos na primeira volta contra 44,9% de Kiliçdaroglu, de centro-esquerda e laico, que contestou os resultados oficiais.

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