Quase 40% de empresas de turismo sem apoios a trabalhadores imigrantes

Agência Lusa
26 set, 07:20
Restaurantes nos Açores

O Observatório Talento Migratório do Turismo da PBS concluiu que existe a “necessidade de melhorar a sensibilização para a diversidade e desenvolver programas de inclusão da força de trabalho migrante, incluindo formação linguística, qualificação profissional, bem como apoio administrativo”

Quase 40% das empresas do setor do turismo em Portugal não implementam medidas “formais” de apoio à integração de trabalhadores imigrantes, segundo as conclusões de um estudo do Observatório do Talento Migratório do Turismo da Porto Business School (PBS).

Num comunicado, em que deu conta das conclusões do trabalho, a PBS salientou a “necessidade de maior transparência e estruturação nos programas de apoio à integração de trabalhadores migrantes no setor do turismo em Portugal”.

O estudo revela que “38,5% das empresas do setor não implementam medidas formais de apoio à integração de migrantes, como programas de acolhimento e orientação, embora 21,6% ofereçam algum suporte, como orientação e acolhimento, e 8,9% promovam apoio linguístico e formação”.

Por isso, o Observatório Talento Migratório do Turismo da PBS conclui que existe a “necessidade de melhorar a sensibilização para a diversidade e desenvolver programas de inclusão da força de trabalho migrante, incluindo formação linguística, qualificação profissional, bem como apoio administrativo”.

A entidade destacou “a regularização da residência, autorizações de trabalho, Segurança Social e seguro de saúde, ou o suporte na obtenção de alojamento digno”, bem como “o apoio à integração das famílias dos migrantes, com acesso a serviços de educação e saúde”.

O estudo concluiu ainda que “21,7% das organizações a operar no setor do turismo não identificam desafios de elevada dimensão ou não estão cientes das dificuldades associadas à integração dos migrantes, o que sugere uma perceção e gestão empresarial de menor complexidade”.

No entanto, realçou, 25,5% das organizações “destacam o recrutamento e retenção de talentos multiculturais como o maior desafio, seguido da adequação de qualificações (20,3%) e questões legais e regulatórias (9,4%)”.

No que diz respeito ao nível salarial, a perceção geral é de “equidade salarial entre migrantes e trabalhadores portugueses em funções similares, com a maioria dos respondentes (81,9%) a acreditar que ambos os grupos auferem o mesmo rendimento”, mas, lê-se na mesma nota, que “21% dos respondentes admitem desconhecer as políticas de compensação, o que sugere uma alegada falta de transparência remuneratória em algumas organizações”.

Segundo a diretora do Tourism Futures Centre da Porto Business School, Rita Marques, o Observatório do Talento Migratório do Turismo mostra que “há muito espaço para dinamizar programas estruturados de apoio aos migrantes que incluam, não só componentes formativas, mas, também, componentes associadas à integração social e familiar dos migrantes, ou alojamento e condições de vida”.

“Sem os migrantes, verificar-se-ia uma implosão de alguns setores da nossa economia, em particular no turismo. O setor tem de cuidar, não só dos turistas, mas da sua força de trabalho: 16% dos trabalhadores do turismo são estrangeiros, mas perto de 40% das organizações no setor do turismo não têm implementado quaisquer medidas formais de apoio à integração destes trabalhadores”, sublinhou.

O Observatório do Talento Migratório do Turismo é uma iniciativa do Tourism Future Centre da PBS e abrangeu a auscultação de 532 profissionais do setor do turismo, em particular quanto às dinâmicas migratórias e a integração de trabalhadores estrangeiros nas organizações que operam no setor do turismo.

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