"Crise no setor do turismo é histórica", diz Organização Mundial do Turismo

Agência Lusa , AM
29 nov 2021, 06:42
Covid-19

Secretário-Geral da OMT, Zurab Pololikashvili, diz que restrições da pandemia causaram "enormes danos" económicos no setor do turismo

O setor do turismo mundial deverá perder dois mil milhões de dólares (1,78 mil milhões de euros), este ano devido a restrições ligadas à pandemia de covid-19, disse no domingo a Organização Mundial do Turismo (OMT).

Esta estimativa, semelhante às perdas sofridas em 2020, surge à medida que foram introduzidas novas restrições, particularmente na Europa, para lidar com uma nova vaga da epidemia e evitar que a variante Ómicron, detetada pela primeira vez na África do Sul, se espalhe por todo o mundo.

Estes últimos desenvolvimentos mostram que "a situação é totalmente imprevisível" e que o setor do turismo não está imune a perigos suscetíveis de causar "enormes danos" económicos, disse à agência francesa AFP, o Secretário-Geral da OMT, Zurab Pololikashvili.

Segundo a agência especializada das Nações Unidas, que realizará a sua Assembleia Geral em Madrid, Espanha, de 30 de novembro a 3 de dezembro, as chegadas de turistas internacionais deverão permanecer este ano "70 a 75% mais baixas" do que antes da pandemia.

"A crise no setor do turismo é histórica, mas o turismo tem a capacidade de recuperar rapidamente", disse Zurab Pololikashvili, que espera que 2022 seja um ano muito melhor do que 2021.

Ritmo de recuperação desigual

Segundo o barómetro publicado pela agência das Nações Unidas, as chegadas de turistas internacionais "recuperaram durante a estação do Verão", sugerindo uma melhoria após um início lento do ano, graças "à rápida progressão das vacinas".

Contudo, "o ritmo da recuperação continua a ser desigual em todo o mundo", refere um comunicado da OMT, atribuindo essa situação a "diferentes restrições de mobilidade, taxas de vacinação e confiança dos viajantes".

Durante o terceiro trimestre, algumas ilhas das Caraíbas, bem como vários destinos do sul da Europa e do Mediterrâneo, registaram "chegadas próximas de (...) ou mesmo superiores" aos níveis de 2019, disse a organização sediada em Madrid.

Outros países, contudo, praticamente não viram turistas, nomeadamente na Ásia e na região do Pacífico, onde muitos Estados ainda proíbem viagens "não essenciais".

De acordo com a OMT, 46 países permanecem nesta fase completamente fechados aos turistas, ou seja, um em cada cinco destinos, e 55 estão parcialmente fechados. Em contrapartida, quatro países levantaram todas as restrições: Colômbia, Costa Rica, México e República Dominicana.

Esta situação cria "confusão" e dificulta a retoma da atividade, diz a agência das Nações Unidas, que apela aos países para "harmonizar" os seus protocolos, tirando partido dos progressos ligados à "vacinação" e às novas "aplicações digitais".

Recuperação será "lenta" e "frágil"

Devido às incertezas que rodeiam a evolução da epidemia, a OMT não apresenta, nesta fase, uma estimativa do número de turistas que poderiam viajar para o estrangeiro em 2022. Mas adverte que a recuperação será "lenta" e "frágil".

As "taxas de vacinação desiguais" e "novas estirpes de covid-19", incluindo a variante Ómicron, poderão dificultar esta "recuperação", sublinha a organização, que também teme os efeitos do "recente aumento dos preços do petróleo" nas viagens.

Face a estes obstáculos, só uma "resposta coordenada" dos países permitirá "restaurar a confiança dos consumidores", conclui a OMT, que planeou debater estas questões na sua Assembleia Geral na capital espanhola.

A reunião, que contará com a participação de representantes dos 159 estados-membros, estava inicialmente agendada para Marraquexe, Marrocos. No entanto, Marrocos decidiu não acolher o evento devido ao ressurgimento dos casos covid-19 em muitos países.

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