Centenas de manifestantes pedem a libertação de opositores na Tunísia: "Abaixo o golpe, liberdade para os detidos"

Agência Lusa , CF
5 mar 2023, 11:32
Manifestações na Tunísia (Yassine Mahjoub/NurPhoto via Getty Images)

No início de fevereiro, as autoridades lançaram uma operação contra figuras políticas que se opunham ao presidente Kais Saied, acusando-os de "conspirar contra a segurança do Estado"

Várias centenas de manifestantes reuniram-se este domingo em Tunes para exigir a libertação de mais de 20 opositores do Presidente tunisino, Kais Saied, detidos nas últimas semanas.

"Abaixo o golpe. Liberdade, liberdade, liberdade para os detidos", gritavam os apoiantes da Frente de Salvação Nacional (FSN), a principal coligação da oposição política na Tunísia.

Muitos agitavam a bandeira da Tunísia e fotos dos detidos, segundo jornalistas da agência de notícias AFP no local.

Desafiando a proibição de realizar manifestações imposta pelo autarca de Tunes, dezenas de manifestantes reuniram-se na Passage, uma importante estação de autocarros e elétricos no centro da cidade.

Depois de alguma confusão, cruzaram as barreiras colocadas pela polícia e seguiram para a avenida Habib Bourguiba, artéria central onde estavam mais de 500 manifestantes por volta das 10:00 (09:00 em Lisboa).

Um polícia equipado com um altifalante pediu que os manifestantes que não se aproximassem da sede do partido Al Joumhouri, do político Issam Chebbi, que é um dos cerca de 20 opositores que foram detidos.

Chebbi é o irmão mais novo do oponente de esquerda, Ahmed Nejib Chebbi, 78 anos, presidente do FSN, uma coligação política a qual pertence o partido Ennahdha, grande rival do Presidente Saied.

Jawhar Ben Mbarek, um dos dirigentes do FSN – que é um dos opositores políticos detidos juntamente com o jovem ativista Chaima Issa -, apelou a uma "manifestação massiva".

No início de fevereiro, as autoridades lançaram uma operação contra figuras políticas, incluindo vários ex-ministros e líderes do Ennahdha, empresários conhecidos como Kamel Eltaïef e o diretor da rádio Mosaique, a mais ouvida na Tunísia, Noureddine Boutar, acusando-os de "conspirar contra a segurança do Estado".

Essa onda de detenções, sem precedentes desde o golpe do Presidente Saied, que assumiu todos os poderes no país no dia 25 de julho de 2021, foi descrita pela Amnistia Internacional como uma "caça às bruxas por motivos políticos".

Desde o verão de 2021, organizações não-governamentais e grandes partidos da oposição denunciam uma “deriva autoritária” na Tunísia, abalando a jovem democracia que emergiu da primeira revolta da Primavera Árabe em 2011.

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