Parisienses votaram e decidiram: 90% querem banir trotinetes elétricas

CNN Portugal , CF, JGR
2 abr 2023, 23:07
Trotinetes elétricas (imagem Getty)

Votação é meramente consultiva e ainda vai ser avaliada pela Câmara de Paris, mas autarca Anna Hidalgo já tinha admitido ser favorável à proibição

Trotinetes elétricas. Sim ou não? Os parisienses votaram e deram uma resposta esmagadora: 90% dos votantes assumiram-se favoráveis à proibição destes veículos.

A votação é meramente consultiva e vai ainda ser submetida a avaliação pela Câmara de Paris. "Este voto dos cidadãos é semelhante a um referendo, mesmo que não tenha a forma jurídica", clarificou Anne Hidalgo, a presidente da autarquia, que se assumiu "empenhada" em conhecer a opinião dos parisienses sobre o método de deslocação que, desde 2018, tem originado acidentes e comportamentos de risco por parte dos utilizadores. 

Em entrevista ao Le Parisien, em janeiro, Anne Hidalgo tinha justificado a necessidade de uma votação com os "problemas" acarretados pelo regime "free float" em que operam - ou seja, pela possibilidade de poderem ser descartadas em qualquer lugar. Salvaguardou, porém, que qualquer interdição não afetaria as trotinetes elétricas privadas: "Os parisienses podem ter as suas próprias scooters, sem problemas".

O anúncio foi recebido com alarme pelas três principais empresas responsáveis pelas cerca de 15 mil trotinetes elétricas em Paris - Lime, Dott e Tier - que não pouparam esforços nas últimas semanas para tentar convencer a opinião pública. As várias medidas, desde viagens grátis aos domingos ou publicações nas redes sociais de influenciadores, revelaram-se agora infrutíferas.

Apesar de a resposta do referendo evidenciar uma posição bem definida dos votantes, há uma questão que pode comprometer a sua credibilidade: dos 1,3 milhões de parisienses inscritos nos cadernos eleitorais até 3 de março, apenas cerca de 103 exerceram o seu direito de voto. Isto é, apenas 7,45% dos inscritos se pronunciaram.

E em Portugal?

Em Portugal, as trotinetes elétricas também têm causado alguma controvérsia. Só por Lisboa, existirão cerca de 11 mil trotinetas e bicicletas partilhadas sem sítio para estacionar. A Autoridade da Mobilidade e dos Transportes defende alterações ao Código da Estrada para obrigar ao estacionamento das trotinetas e bicicletas elétricas em espaços próprios e a utilização de capacete por crianças e jovens até aos 16 anos.

No estudo "Linhas de Orientação sobre a Regulação da Micromobilidade Partilhada", que é apresentado esta quinta-feira em Lisboa, a autoridade reconhece a importância da mobilidade suave – trotinetas e bicicletas elétricas – nas cidades portuguesas, mas lembra, igualmente, os “fortes impactos negativos para o ordenamento do espaço urbano”.

O estudo clarifica o conceito de micromobilidade partilhada e formula um conjunto de recomendações dirigidas ao Estado, enquanto legislador (Governo e Assembleia da República), bem como aos municípios, responsáveis pelo planeamento e gestão do espaço público, além dos organismos da Administração Central responsáveis pela segurança rodoviária e pela regulamentação técnica e homologação de veículos.

Uma das principais críticas por parte dos cidadãos à utilização de trotinetas nas cidades prende-se com estes veículos serem ‘largados’ no espaço público após utilização, causando perigo para os peões. O estudo refere que “apesar de os ‘hotspots’ serem os locais indicados para estacionar trotinetas e bicicletas, é cada vez mais frequente encontrá-las espalhadas pela cidade, ainda que haja ‘hotspots’ nas proximidades".

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