O ex-presidente norte-americano alegou que prestar depoimento na investigação civil prejudicaria seus direitos constitucionais, mas o juiz deu razão à procura-geral de Nova Iorque que encontrou indícios de práticas "fraudulentas"
O ex-presidente norte-americano Donald Trump, assim como seus filhos Ivanka e Donald Jr., deverão prestar depoimentos na investigação civil da procuradora-geral de Nova Iorque às práticas fiscais das empresas da família.
O juiz do Supremo Tribunal de Nova Iorque, Arthur Engoron, anunciou a sua decisão esta quinta-feira, depois de uma audiência contenciosa de duas horas sobre o assunto. Os Trump estavam a tentar anular as intimações da procuradora-geral Letitia James, que pedia ao tribunal que os obrigasse a depor.
Em várias ocasiões ao longo da audiência, o juiz expressou ceticismo em relação aos argumentos dos Trump de que prestar depoimento na investigação civil prejudicaria seus direitos constitucionais.
As intimações de Trump, do filho Donald Trump Jr. e da filha Ivanka Trump, resultam de uma investigação “à avaliação de propriedades pertencentes ou controladas” por Trump e a sua empresa. Letitia James, uma democrata, passou mais de dois anos a averiguar se a Trump Organization enganou bancos e autoridades tributárias quanto ao valor dos seus bens, inflacionando-o para obter empréstimos com melhores condições, ou minimizando-o para pagar menos impostos. A procuradora-geral de Nova Iorque encontrou evidências de que a empresa de Trump usou avaliações “fraudulentas ou enganosas” de ativos como campos de golfe e arranha-céus para obter empréstimos e benefícios fiscais.
“Em última análise, um procurador-geral do Estado começa a investigar uma entidade empresarial, descobre muitas evidências de possível fraude financeira e quer questionar, sob juramento, vários dos diretores das entidade. Ela tem o direito claro de fazê-lo", escreveu o juiz na sua decisão.
Trump e seus dois filhos devem prestar depoimento dentro de 21 dias, disse Engoron. Se tal acontecer, o ex-presidente vai ter de tomar uma decisão difícil sobre se vai responder às perguntas ou ficar em silêncio, alegando o seu direito à Quinta Emenda contra a autoincriminação.
No entanto, os Trump já anunciaram que vão recorrer da decisão.
