Tribunal de Contas alerta para abertura de vagas em cursos com maior desemprego. Expectativas dos alunos estão a ser "defraudadas"

4 ago 2022, 07:46
Universidade - aula (arquivo)

REVISTA DE IMPRENSA. Juízes do Tribunal de Contas recomendam um quadro regulatório para monitorizar empregabilidade dos cursos.

Gestão e Administração, Psicologia, Jornalismo, Design, Marketing e Publicidade. Estas são algumas das áreas que registam "desemprego relevante" em Portugal, sem que se registem alterações na oferta formativa. A conclusão é do Tribunal de Contas (TdC), cujos auditores consideram ser necessário melhorar a informação e a monitorização da empregabilidade para evitar que sejam "defraudadas as expectativas dos candidatos ao ensino superior".

"A empregabilidade tem sido considerada na oferta formativa dos ciclos de estudos de formação inicial das Instituições de Ensino Superior, mas os indicadores adotados têm insuficiências e não existe nenhum sobre a empregabilidade", revela o relatório "Empregabilidade dos Ciclos de Estudos do Ensino Superior", do TdC, citado na edição desta quinta-feira do Diário de Notícias.

Partindo desta conclusão, o TdC recomenda à ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, que sejam corrigidas as lacunas da informação e a definição de um quadro regulatório para a monitorização da empregabilidade. Uma recomendação que vai ao encontro do que vários responsáveis das escolas e universidades defendem.

Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos de Escolas Públicas, concorda que é necessário que os alunos tenham acesso a "mais informação em relação à área que vão seguir e a sua empregabilidade", mas considera que "os estudantes devem prosseguir os seus estudos nas áreas para as quais estão motivados, mesmo que estes, no momento atual, não tenham taxas muito elevadas de empregabilidade".

A presidente do Sindicato Nacional do Ensino Superior, Mariana Gaio Fernandes, também defende que os alunos devem ter acesso a "maior informação sobre as perspetivas de emprego" no momento em que escolhem o curso para frequentar o Ensino Superior. "Precisamos muito de melhorar os indicadores que estão disponíveis e que dizem respeito apenas a inscrições nos centros de emprego, pois muitos diplomados não se inscrevem nos centros. Os dados não são, por isso, muito fidedignos", sustenta.

Por sua vez, António Augusto Fontainhas, presidente Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior, alerta para o facto da empregabilidade já ser tida em conta "no despacho de vagas do Ensino Superior". "É cada vez mais necessário um modelo económico com mão de obra qualificada, mais vocacionada para o mercado de trabalho e todas as instituições devem ter essa preocupação. Tem havido, por exemplo, um maior número de vagas para cursos da área digital onde há maior taxa de emprego", indica.

Para o responsável, as instituições têm demonstrado uma preocupação cada vez maior com empregabilidade dos cursos, optando por fazer "alterações das ofertas educativas, com novas unidades curriculares transversais que permitem aumentar a penetração do mercado de trabalho". "O que o TdC sugere e pede é a disponibilização de informação aos nossos jovens, algo que já acontece, mas onde é possível melhorar", explica.

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