Trata-se de um tratado nuclear. Acordo prevê a realização de inspeções no local para verificar o cumprimento
Vladimir Putin suspendeu esta terça-feira o envolvimento da Rússia no tratado New START - assinado em 2010 pela Rússia e pelos Estados Unidos - e que prevê uma redução das armas nucleares dos dois países. O anúncio foi feito pelo presidente russo durante o discurso do estado da nação, que durou perto de duas horas.
Este era o último grande acordo que Washington e Moscovo ainda mantinham de pé. Como tal, isto representa mais um sinal claro do escalar de tensão entre os dois países. Já na reta final do discurso, Putin explicou que a suspensão se vai manter até perceber o que é que o Ocidente e a NATO pretendem desta guerra: "Eles querem infligir-nos uma 'derrota estratégica' e tentar chegar às nossas instalações nucleares ao mesmo tempo."
O presidente da Rússia garantiu ainda que se os Estados Unidos decidirem "fazer testes nucleares", Moscovo responderá com a mesma moeda: "Nós também faremos".
Numa reação pouco tempo depois, o secretário-geral da NATO disse que Putin é que "é o agressor" na ofensiva lançada na Ucrânia e hoje mesmo demonstrou que se "está a preparar-se para mais guerra". Jens Stoltenberg disse ainda deplorar "a decisão da Rússia de suspender a sua participação no tratado New START" e convidou o Kremlin a repensar esta decisão.
Na Europa, França e o Reino Unido são os únicos países com armas nucleares. Se se alargar o horizonte, Rússia, Estados Unidos e China são o três países do mundo com mais ogivas nucleares, respetivamente.
Inspecionar as nossas instalações? "Parece um perfeito disparate"
O tratado New START, assinado em 2010 pelo então presidente dos Estados Unidos Barack Obama e pelo então presidente russo Dmitry Medvedev, limita cada país a não mais de 1.550 ogivas nucleares colocadas e 700 mísseis e bombardeiros colocados. O acordo prevê a realização de inspeções no local para verificar o cumprimento.
Poucos dias antes de o tratado expirar, em fevereiro de 2021, a Rússia e os Estados Unidos concordaram em prorrogá-lo por mais cinco anos.
Ambos os países suspenderam as inspeções mútuas no âmbito do New START desde o início da pandemia de covid-19, mas Moscovo recusou-se, no outono passado, a permitir o seu recomeço, aumentando a incerteza sobre o futuro do pacto. A Rússia também adiou indefinidamente uma ronda planeada de consultas ao abrigo do tratado.
Esta terça-feira, Putin disse que enquanto os Estados Unidos pressionavam para o reinício das inspeções os aliados da NATO ajudaram a Ucrânia a montar ataques com drones a bases aéreas russas que albergam bombardeiros estratégicos com capacidade nuclear.
"Os drones utilizados para o efeito foram equipados e modernizados com a assistência de peritos da NATO", disse Putin. "E agora eles querem inspecionar as nossas instalações de defesa? Nas atuais condições do confronto parece um perfeito disparate."
Ainda assim, Putin ressalvou que a Rússia está a suspender o seu envolvimento no New START e que ainda não se está a retirar totalmente do pacto.