Saiba quais são os “piores” condutores da Europa

CNN Portugal | CNN , Julia Buckley
29 mai 2022, 15:40
Trânsito em Lisboa Foto: Pixabay

Cuidado com os condutores agressivos, perigosos e embriagados - pelo menos, de acordo com os próprios europeus. Novo estudo revela que 79% têm uma opinião negativa sobre os seus compatriotas condutores - enquanto, claro, 97% deles têm orgulho na sua própria condução excelente. Três em cada quatro condutores de 11 países europeus fazem violações do código da estrada. E há uma relação entre eles e os que incumprem as regras de saúde pública

Três em cada quatro (75%) dos condutores europeus já violaram o código da estrada e quase a mesma proporção deles nem sempre seguem as regras de saúde pública (como medidas de prevenção, confinamentos, restrições, etc.). Este perfil de “desobediência” é constatado num estudo feito pela Fundação Vinci Autoroutes, que gere autoestradas em França.

O estudo revela que 45% dos europeus seguem as regras de saúde pública sobretudo por preocupação com os outros, percentagem que desce para 33% quando se trata de cumprir regras de trânsito. Estas são algumas das conclusões do inquérito, realizado em Março a 12.400 europeus, conduzido pela empresa de sondagens Ipsos, que questionou pelo menos mil pessoas em cada um de 11 países sobre os seus próprios hábitos de condução.

O estudo, que não foi feito para Portugal, inclui condutores da Alemanha, Eslováquia, Espanha, França, Grécia, Holanda, Itália, Reino Unido e Suécia. E mostra um espelho não só dos condutores, mas da perceção que têm de outros. E se há preconceitos nacionais, eles parecem confirmar-se no estudo.

“Quer façam parte do código da estrada ou das diretrizes de saúde pública, as regras são muitas vezes vistas mais como restrições do que formas de proteção”, afirma Bernadette Moreau, delegado da Fundação Vinci Autoroutes para a condução responsável, em comunicado. “Quando os condutores se permitem fintar um pouco as regras, eles estão a concentrar-se no seu benefício imediato e a ignorar o risco potencial de um acidente, esperando estar em suficiente controlo para evitá-lo. A grande maioria dos acidentes, no entanto, ocorre quando as pessoas não estão cientes dos riscos de violar o código de estrada.”

Falar ao telefone, mexer no GPS, escapar por um triz

As desatenções, ainda que momentâneas, são um dos principais problemas detetados em acidentes nas estradas. No estudo, mais de metade (53%) dos condutores assumem falar ao telefone enquanto conduzem, embora a maioria diga fazê-lo em sistemas “mãos-livres”. 43% programam o GPS com o carro em andamento.

E um em cada dez (11%) já sofreram ou quase sofreram um acidente porque estavam a usar o telemóvel enquanto conduziam.

Quase a mesma percentagem (12%) já sofreram ou quase sofreram um acidente por adormecer ao volante. A fadiga é um problema frequente, mas 40% dizem não seguir a prática recomendada de fazer uma pausa a cada duas horas, mesmo que 73% deles estejam cientes disso.

“Ó sua besta!” Ser outra pessoa ao volante

“Apesar de algumas mudanças comportamentais, ainda há muita tensão na estrada”, afirma o estudo. Cerca de metade (52%) dos inquiridos reconhecem que por vezes insultam outros motoristas. E 12% dos condutores europeus admitem mesmo que se transformam noutra pessoa quando estão ao volante. Tanto que uma vasta maioria (84%) afirma já ter sentido medo do comportamento agressivo de outros condutores.

Para 18% destes condutores, o sentido de proteção de estarem dentro do carro fá-los sentir dentro de “uma bolha”, pelo que prestam menos atenção a outras pessoas. E 13% deles afirmam sentir que na estrada é “cada um por si”.

Outra displicência verifica-se nas zonas de trabalhos nas estradas, com metade dos inquiridos a responderem que se esquecem de abrandar a velocidade nessas zonas. Estes “elevados níveis de indiferença podem levar a graves consequências”, escreve o estudo, nomeadamente pondo em causa a segurança dos trabalhadores rodoviários.

E os piores e melhores condutores são…

Os gregos surgem em primeiro lugar no critério de "comportamento incivil" autodeclarado nos seus próprios carros, com cerca de metade a responderem que dizem palavrões, buzinam, fazem ultrapassagens na faixa errada da estrada ou saltam do carro para discutir com outros condutores.

São eles também os mais propensos a seguir um carro "irritante" à sua frente, enquanto os condutores da Eslováquia se colocam no fundo da tabela dos “colados ao carro da frente”.

A Grécia também encabeça a tabela de condutores que utilizam o telefone enquanto conduzem, com 77% a admitir que fazem chamadas e 83% a relatar a utilização do smartphone ao volante. Espanha ficou no fundo desta tabela, mas mesmo assim são 62% os que dizem utilizar smartphones enquanto conduzem.

A Grécia também obtém a pontuação mais alta em condução perigosa, com cerca de um terço dos condutores a admitir comportamentos como excesso de velocidade, passar sinais vermelhos, não abrandar na estrada e não manter distâncias seguras entre automóveis.

Uns impressionantes 42% dos polacos dizem que a condução no seu país é “cada um por si” (em comparação com apenas 7% dos espanhóis que o dizem), enquanto um quarto dos britânicos afirma não serem a mesma pessoa quando estão atrás do volante ou quando estão à sua frente. Os britânicos parecem ser os mais virados para si próprios, contando que apenas 68% dos seus condutores prestam atenção, e menos de metade é calma e cortês.

Um número particularmente elevado de britânicos reconhece violar o código da estrada. Mas os dados gerais também não são abonatórios:

  • 88% dos condutores europeus conduzem alguns quilómetros por hora acima do limite de velocidade.
  • 62% passam cruzamentos quando o semáforo está amarelo ou acaba de ficar vermelho.
  • 51% esquecem-se de usar os piscas ao ultrapassar outros veículos ou a mudar de direção.
  • 43% não param completamente num sinal de stop.
  • 28% estacionam em segunda fila.
  • 8% dizem que conduzem acima do limite legal de álcool, se não estiverem a sentir-se bêbados.
  • 7% ficam atrás do volante depois de tomarem medicamentos que podem afetar o seu estado de consciência.
  • 3% vão para Estrada depois de fumar marijuana ou usarem drogas.

Apenas 16% dos condutores italianos disseram que os seus compatriotas são bem-educados, enquanto 14% dos condutores franceses acham que os condutores franceses são stressados.

O que dizem dos outros

O estudo contém também opiniões sobre condutores estrangeiros. Os gregos são os mais críticos em relação aos hábitos de condução das outras nações, tendo 91% deles usado descrições negativas dos seus pares.

Entre os gregos, apenas 20% conseguem dizer algo de positivo sobre os condutores de outras nacionalidades, enquanto o Reino Unido lidera esta critério, com 50% a dizerem coisas simpáticas sobre condutores estrangeiros.

Os menos críticos são os espanhóis e os britânicos, 70% dos quais têm algo de negativo a dizer sobre os seus amigos na Europa continental. Parece muito, até se ouvir falar dos outros.

Os alemães - conhecidos pelas suas autobahns (autoestradas) hiper-rápidas - avaliam que apenas 30% dos condutores de outros países são agressivos, e ainda menos são irresponsáveis.

O resumo do estudo pode ser lido aqui.

 

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