Citigroup vai despedir funcionários não vacinados

CNN
14 jan 2022, 16:45
Citigroup. Foto: AP

Os funcionários do Citigroup nos Estados Unidos que não tenham sido vacinados contra a covid-19 até esta sexta-feira serão colocados numa situação de licença sem vencimento e despedidos no final do mês, a menos que tenham uma isenção de vacinação, revelou uma fonte bem informada sobre o assunto.

O banco norte-americano anunciou em outubro o seu plano para impor novas regras de vacinação e agora torna-se a primeira grande instituição de Wall Street a implementar uma rigorosa política de obrigatoriedade de vacinação.

Esta iniciativa surge num momento em que o ramo financeiro se debate com a melhor forma de trazer os trabalhadores de volta aos escritórios em segurança e retomar a sua atividade normal, numa altura em que a variante Ómicron, altamente infeciosa, se está a espalhar a grande velocidade.

Outros grandes bancos de Wall Street, incluindo o Goldman Sachs (GS), Morgan Stanley (MS) e JPMorgan Chase (JPM), puseram os funcionários não vacinados em teletrabalho, mas nenhum chegou ainda ao ponto de despedir pessoal.

Embora o Citigroup seja o primeiro banco de Wall Street a impor a obrigatoriedade de vacinação, outras grandes empresas americanas implementaram a política de "sem vacina não há emprego", incluindo a Google e a United Airlines, com diferentes graus de abrangência.

Até agora, mais de 90% dos funcionários do Citigroup cumpriram a obrigação de se vacinarem e esse número está a aumentar rapidamente, disse a mesma fonte, acrescentando que o calendário da obrigatoriedade de vacinação seria diferente para os funcionários das sucursais.

Quando anunciou a sua política, o Citigroup também disse que avaliaria as isenções por motivos religiosos ou médicos ou por quaisquer outros motivos determinados pela legislação estatal ou local, de forma caso-a-caso.

O banco disse então que estava a cumprir a política da administração de Joe Biden, que exige que todos os trabalhadores envolvidos em contratos governamentais fossem totalmente vacinados, uma vez que o governo era um cliente "grande e importante".

Um assunto fraturante

A vacinação tornou-se uma questão fraturante nos Estados Unidos, tal como aconteceu em muitos países por todo o mundo, com algumas pessoas a oporem-se ferozmente e muitos Republicanos a criticarem as políticas de obrigatoriedade de vacinação impostas por governos e empresas.

O Supremo Tribunal dos Estados Unidos ouviu os argumentos das petições de autoridades estatais e grupos empresariais republicanos, que visam bloquear a medida decretada por Biden, para empresas com mais de 100 trabalhadores, que exige que os funcionários sejam vacinados ou testados semanalmente.

Adam Galinsky, professor da Columbia Business School, que faz consultoria a empresas sobre as suas estratégias de regresso ao trabalho presencial, disse que muitas empresas, inicialmente, receberam bem a obrigatoriedade da vacina por parte da Casa Branca, porque lhes tirou a batata quente das mãos.

"No entanto, as empresas começam a aperceber-se que este decreto de Biden poderá não passar no Supremo Tribunal, de cariz conservador", disse Galinsky. "Se a decisão não passar, então terão de ser novamente as empresas a decidir e a fazer alguma coisa".

Muitas empresas financeiras têm adiado os seus planos de regresso ao trabalho presencial e estão a encorajar os funcionários a serem vacinados e a levarem a dose de reforço, mas até agora têm evitado tornar a vacinação obrigatória por razões legais.

"Esta vai ser uma política complexa e difícil de implementar. O problema aqui é que há muitas leis diferentes que têm influência nesta questão", disse Chase Hattaway, sócio da firma de advogados RumbergerKirk, mencionando tanto as leis federais e antidiscriminação, como variadíssimas regras estaduais.

"O Citi terá de adaptar a sua política à legislação estadual e, em muitos casos, as cidades e os municípios terão também regulamentos diferentes, que poderão contemplar ainda mais exceções", disse Hattaway.

Licença sem vencimento

Jacqueline Voronov, sócia da firma de advogados Hall Booth Smith, disse, no entanto, que os tribunais têm defendido o direito dos empregadores privados tornarem a vacinação obrigatória, em resposta a uma enorme vaga de reivindicações de funcionários que se recusam a ser vacinados.

"Um empregador privado tem autorização para implementar as suas próprias políticas. E se o Citi quiser ter uma política de vacinação obrigatória, pode fazê-lo. Desde que contemplem a isenção por razões médicas para alguém que possa ter contraindicações, qualquer desafio a essa política será infrutífero", disse ela.

Cada vez mais empresas americanas têm vindo a exigir a vacinação como forma de proteger os funcionários e evitar perturbações ou interrupções no funcionamento devido a ausências em massa de funcionários.

O CEO da United Airlines, Scott Kirby, disse no mês passado que a companhia aérea despediu 200 dos seus 67 mil funcionários por não cumprirem o requisito da vacinação obrigatória.

Dos 2000 funcionários da companhia aérea aos quais foram concedidas isenções, metade foram transferidos para funções onde não têm de lidar presencialmente com os clientes. A outra metade optou por não se candidatar a esses cargos e está de licença sem vencimento.

Muitos hospitais despediram pessoal que não cumpriu os requisitos de vacinação obrigatória impostos à indústria dos cuidados de saúde em mais de 20 estados.

Enquanto algumas empresas como a Tyson Foods (TSN) Inc. conseguiram que mais de 96% dos seus funcionários se vacinassem, as empresas na área da construção e do retalho resistiram a impor a obrigatoriedade da vacina com receio da resistência por parte dos funcionários, num mercado de trabalho que está muito complicado.

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