Pichardo: «É a única forma que eu tenho de agradecer a Portugal»

5 ago 2021, 08:20

Medalha de ouro no triplo salto admite que não é «uma pessoa muito emotiva» e que o dia seguinte será «normal»

O português Pedro Pichardo, que se sagrou campeão olímpico do triplo salto em Tóquio2020 esta quinta-feira, afirmou que a medalha conquistada é a melhor forma de prestar tributo a Portugal, pelo modo como o acolheu quando teve de sair de Cuba.

«Este ouro tem um significado muito grande, pois é a única forma que eu tenho de agradecer ao país que me apoiou desde o primeiro dia. Agradecer com medalhas e bons resultados», afirmou, na conferência de imprensa no Estádio Olímpico, depois de ter garantido o ouro com um salto de 17,98 metros.

«Não sou uma pessoa muito emotiva. Sou campeão olímpico, mas amanhã acordo e é um dia normal. Já estou a pensar em setembro ganhar a Liga Diamante. Não paro aqui, estou sempre a pensar em competir», disse, citado pela Lusa, referindo também que «o salto não correu como estava à espera». «Esperava mais e de bater algum recorde, olímpico ou mundial. Estávamos a preparar isto desde sábado», atirou, na zona mista do Estádio Nacional.

Pichardo não deu a típica volta olímpica e explicou, por isso, que é mais «reservado». «Vou para o quarto e festejo sozinho lá. Tenho muita vergonha», declarou, questionado na zona mista, lembrando a avó, que já morreu e em quem pensa quando salta e explicando que os momentos de prece que foi tendo entre saltos, da sua religião ioruba, são «rituais» para pedir «força e que saia saudável».

«Estou há quatro anos a trabalhar para dar medalhas a Portugal. Ouvir que um português não é feliz porque um estrangeiro chega ao país e se sente feliz por representá-lo… é complicado. Moro em Portugal, a minha filha nasceu lá, vou continuar e não vou voltar. Mesmo assim, há portugueses que não se sentem felizes que um atleta como eu more lá. É um bocado ingrato», admitiu, lembrando o facto de mesmo de alguns continuarem a «falar por ser luso-cubano». «Ainda hoje não posso voltar a Cuba. Há pessoas que não entendem isso», desabafou.

Dizendo-se pronto para «cantar o hino» na cerimónia do pódio, Pichardo brincou também com essa situação. «O único problema é o sotaque», expressou.

Durante o concurso, Pichardo revelou tranquilidade e foi de forma serena que festejou o título olímpico, o quinto ouro na história de Portugal em mais de 100 anos. «Tem a ver com a minha personalidade, não sou muito emotivo. Sou mais reservado, sério. Para me verem emocionado é difícil», afirmou. «A vida tem coisas planeadas, e este título já estava planeado há muito tempo que iria para Portugal, não para Cuba. São coisas da vida», disse.

Portugal superou os resultados alcançados em Los Angeles1984 e Atenas2004, edições em que subiu três vezes ao pódio, passando a totalizar 28 medalhas em Jogos Olímpicos (cinco de ouro, nove de prata e 14 de bronze), 12 das quais no atletismo, modalidade que proporcionou também os cinco títulos olímpicos.

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