Há uma nova tendência no TikTok que consiste em ajudar pessoas aleatoriamente. Mas será esta ajuda realmente bem-vinda? Afinal, quem sai a ganhar?

CNN Portugal , FMC
18 jul 2022, 12:39
TikTok

Utilizadores da rede conquistam seguidores partilhando vídeos em que se filmam a ajudar um estranho, oferecendo prendas, dinheiro ou a pagar as contas dele

Uma nova tendência está a alastrar-se pelo TikTok: atos de bondade são partilhados pela rede social e tornam-se rapidamente virais. Nos comentários, expressa-se encanto e otimismo, mas os recetores destas ações aparentemente de boa-fé, apanhados desprevenidos, nem sempre têm a mesma reação.

Nesta nova onda de partilhas, são filmados momentos em que decide oferecer algo, de surpresa, a um estranho, como por exemplo dinheiro ou flores. Há também um outro lado desta tendência em que o intuito é perceber qual a reação dos transeuntes quando se deparam com alguém a pedir ajuda – quem filma tanto pode estar a pedir dinheiro para comprar algo específico, como pode ainda fingir alguma debilidade, apelando à compaixão. 

Quem vê este tipo de vídeos fica sensibilizado com as reações ou até com o desejo de ser um dos estranhos que, enquanto passeiam ou estão numa esplanada, recebem, inesperadamente, uma prenda - um famoso tiktoker australiano ofereceu, por exemplo, uma Playstation 5 a um homem que comia um gelado num parque. O "estranho" não aceitou a oferta.

Crystal Abidin, antropóloga digital da Universidade de Curtin, em entrevista ao The Guardian, defende que “há formas de as ajudar sem mostrar caras e que vão para além do espaço discursivo do ‘oh, isso é tão querido’” - reação frequente nos comentários e que alimentam milhares de visualizações.  

Para além disso, segundo a antropóloga, por vezes as pessoas que são escolhidas nestes vídeos não “têm a capacidade de dizer que não à viralidade”, uma vez que pertencem a grupos mais vulneráveis, como as pessoas em situação de sem-abrigo. Outros, alimentam estereótipos sobre "heróis do dia a dia" (os tiktokers) e o resto das pessoas.

"A maioria são idosos, ou pessoas com crianças, que se inserem em categorias que se presume necessitarem de mais assistência do que um jovem capaz ou uma mulher glamorosa", indica. Abidin categoriza este género de vídeos que envolvem “atos aleatórios de bondade” de “dramas humanitários”. Uma tendência que começou no YouTube e que utiliza estas histórias angustiantes para realçar "a benevolência destes heróis do quotidiano".

@primenaz He Was Looking At The Food 🥺 So I Invited Him In And Gave Him Food ❤️ I Also Hid Some Cash For Him 🤫😊 #homeless #help #Love ♬ Falling - Trevor Daniel

Estes vídeos podem mesmo ofender a pessoa que é alvo da ação, nomeadamente por ser filmada sem permissão num cenário “artificial” que não permite entender o seu contexto. Tom, um influente tiktoker australiano, é conhecido pelos seus atos aleatórios de bondade. Se há quem agradeça, há outros que ficam perplexos ou mesmo chateados com a surpresa.

Os comentários normalmente salientam a bondade desta tendência, mas as imagens não deixam "espaço para a reflexão ou para que as pessoas recusem as ofertas ou receber este tipo de ajuda publicamente". Os momentos são "enquadrados sem mais contexto" e fica-se sem saber se os protagonistas "sentem constrangimento ou humilhação".

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