"The Nightwolves": clube motard próximo de Putin incluído nas novas sanções europeias à Rússia

22 jul 2022, 13:04

Presidente russo foi visto num desfile do clube em 2011 e é amigo pessoal do líder

A União Europeia adicionou esta sexta-feira 54 indivíduos e 10 entidades russas à lista de sanções por causa da invasão da Ucrânia. Entre os alvos está o clube motard “The Nightwolves”, bem como os seus líderes, entre os quais o eslovaco Josef Hambalek, que lidera a filial europeia.

O clube, que também é referido como um gangue e combina uma estética similar aos “Hell’s Angels” com bandeiras russas, slogans patrióticos ou até fé ortodoxa, tem realizado inúmeros eventos de apoio à invasão desde fevereiro.

Os motards fazem propaganda política por toda a Rússia, sendo que alguns utilizam mesmo a letra “Z” nos uniformes, numa clara demonstração de apoio a Moscovo. Também têm realizado recolhas de donativos para residentes nas repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk.

Em declarações ao Financial Times, o líder do grupo, Aleksandr Zaldostanov, referiu que não estava surpreendido pelas sanções, afirmando que as mesmas “não têm significado”.

Entre as sanções está a proibição de deslocações a território da União Europeia, algo que o grupo já fez desde o início da guerra, realizando desfiles na Alemanha ou na Polónia: “Se não pudermos fazer mais viagens, os nossos amigos, os nossos irmãos, vêm ter connosco [à Rússia]”, acrescentou.

Aleksandr Zaldostanov recusa-se a dizer quantas filiais do grupo existem, bem como os membros que as integram. No entanto, o responsável indicou que existiram várias buscas na Alemanha a casas de pessoas ligadas aos “The Nightwolves”.

Ainda antes da guerra, e por causa da anexação russa da Crimeia, os Estados Unidos tinham incluído este mesmo grupo na lista de sanções, uma vez que havia relatos de apoio à anexação e até de que alguns membros estariam a combater pelo lado russo.

Aleksandr Zaldostanov é um conhecido amigo de Vladimir Putin, presidente russo que já foi várias vezes visto em desfiles do grupo, alguns deles na Crimeia, como aconteceu em 2009, 2010 e, mais recentemente, em 2019.

Vladimir Putin com Aleksandr Zaldostanov na Crimeia em 2010 (AP)

Curiosamente, o líder do grupo até nasceu na Ucrânia, mas acabou por ir estudar para Moscovo ainda em criança. O seu apoio à invasão baseia-se no facto de acreditar que existe apenas um país entre os dois Estados, que, na sua visão, fazem parte de uma “Rússia unida e indivisível”.

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