"Catarina, a Grande", por Elle Fanning: “É tudo muito libertino, tal como nós gostamos”

22 dez 2021, 22:33

A série “The Great” acaba de entrar na segunda temporada, dando seguimento à ficção “ocasionalmente verdadeira” sobre a imperatriz da Rússia. Numa entrevista exclusiva à CNN Portugal, Elle Fanning e Nicholas Hoult explicam o 'twist” de um fenómeno que pode estar para durar

Por razões que a História documentou de forma abundante, Catarina, a Grande, foi uma das figuras mais marcantes da Europa setecentista. Contra tudo e quase todos, foi ela que colocou a Rússia no caminho do progresso, afirmando-se à época como um exemplo raro do poder feminino. O Cinema e a Televisão já a evocaram várias vezes, mas nunca como na série que Tony McNamara (o argumentista premiado de “A Favorita”) escreveu dando mais largas à imaginação do que atenção ao rigor histórico. Porque tudo o que acontece nesta revisitação da corte russa não é para levar a sério, a imperatriz na versão de Elle Fanning chega a ser delirante, tal como a interpretação do imperador Pedro por Nicholas Hoult. Acima de tudo, “The Great” é uma comédia que brinca com a História, ao mesmo tempo que nos convida a saber mais sobre ela, mais de 250 anos depois.

Huzzah! Têm noção de como esta palavra se tornou num cumprimento popular?
Elle Fanning: Sim, as pessoas dizem-se isso muitas vezes! Penso que o Tony não imaginou como se poderia tornar numa coisa tão grande, tal como se tornou na primeira temporada. Não sei de onde veio a palavra, mas pode ter muitos significados… 

Creio que também significa que a primeira temporada foi claramente um sucesso. As pessoas gostaram tanto porquê?
Nicholas Hoult: Em primeiro lugar, penso que o guião é realmente bom. Obviamente, é baseado na História, na vida da Catarina e em tudo o que ela alcançou. Mas também, ao mesmo tempo, é muito relevante hoje com aquele twist moderno.

Elle Fanning: E o tom!

Nicholas Hoult: É divertido, mas triste. É tudo o que podemos desejar!

Elle Fanning: É lindo de se ver e há tantos personagens com quem as pessoas se podem identificar. Podemos apaixonar-nos por cada um deles. E penso que o tom é o que se destaca, é realmente divertido. Sim, é uma história de época, mas moderna. Já vimos esse twist numa figura histórica, mas, aqui, é diferente porque é tudo escrito à maneira do Tony, no ritmo dele e de forma muito específica.

Todos sabemos que tudo é só “ocasionalmente verdadeiro”. Até que ponto é difícil encontrar o equilíbrio certo entre factos, ficção e diversão?
Elle Fanning: A primeira temporada foi realmente um exercício de equilíbrio. Era como andar na corda bamba, todos os dias, para garantir que estávamos no ponto certo. A segunda temporada é igualmente comovente. Queremos mesmo que os momentos emocionais resultem, temos de acreditar neles. Mesmo nas circunstâncias mais estranhas, temos de acreditar e representar de forma muito verdadeira.

No Instagram, a Elle prometeu que esta segunda temporada seria uma loucura. Até que ponto vai essa loucura?
Elle Fanning: Sim, uma loucura porque há algumas coisas chocantes. Há animais, há um bebé a caminho, pais, a Gillian Anderson, o Jason Isaacs, penteados, vestidos, festas… É tudo muito libertino, tal como nós gostamos.

Até que ponto é importante serem produtores executivos da vossa série?
Nicholas Hoult: É sobretudo para a Elle, porque foi ela que propôs a série quando a ideia surgiu pela primeira vez com o Tony. Foi um grande feito conseguir encontrar espaço para a história. Levar isso em frente (como produtores) é aprender muitas coisas, conhecer os diferentes aspetos do que é fazer uma produção televisiva, não estando focados apenas na representação. Adoro compreender todos os departamentos e como podemos ajudar a construir um sucesso ou sermos simplesmente bons.

Na primeira temporada, partilharam tantas cenas divertidas. Normalmente, quanto momentos LOL têm num dia de filmagens?
Elle Fanning: Tantos… Nesta temporada, em particular, por causa da pandemia, demorámos mais meses a filmar. Quando passamos por algo assim, e vimos isso no mundo inteiro, ficamos mais próximos. Apoiámo-nos uns aos outros, chorámos juntos, rimos juntos… foi muito emocional. Importamo-nos tanto uns com os outros, toda a gente está tão ligada… Penso que todos somos muito sensíveis e emocionais e todo esse amor nota-se no ecrã.

E quantas mais temporadas de “The Great” podemos esperar?
Elle Fanning: Tem de perguntar isso ao Tony!

Nicholas Hoult: Vamos às 15, 20!

Suponho que gostavam de fazer mais…
Elle Fanning: Adoraríamos!

Elle, o que torna o Nicholas grande? Nicholas, o que torna a Elle grande?
Elle Fanning: Ele está sentado mesmo aqui ao lado…

Eu sei…
Nicholas Hoult: O que torna a Elle grande é obviamente a sua interpretação e a sua personalidade… Ela consegue aparecer todos os dias e deixar toda a gente feliz e confortável. É um grande exemplo para todos. Cria um ambiente estupendo para irmos trabalhar todos os dias. As pessoas estão felizes à volta dela, o que é muito importante.

Elle Fanning: Acho que nunca te vi de mau humor nas filmagens…

Nicholas Hoult: Já me viste de mau humor nas filmagens. Tu sabes quando estou de mau humor.

Elle Fanning: Também já me viste de mau humor! Nós conseguimos perceber… Mas somos bons a disfarçar, certo?

Nicholas Hoult: Sim.

Elle Fanning: Penso que somos ambos bons nisso… O Nic é extremamente profissional, é extremamente honrado… Sabe o nome de toda a gente da equipa, sabe da vida das pessoas… Penso que ele vive cada momento o mais que pode, o que é mesmo especial. Nem toda a gente faz isso. Ele está mesmo ali.

“The Great” é um dos exemplos de como a indústria do streaming está a crescer de forma veloz e furiosa. O que pensam desse novo ambiente para o cinema, televisão, atores, realizadores e argumentistas?
Elle Fanning: Eu vejo muito streaming, mesmo quando estou a trabalhar… É uma questão complicada, certo? Não estou em Los Angeles há algum tempo, mas quando soube que os cinemas ArcLight fecharam… Estava ali a minha infância. A sério?! Isso assusta-me um pouco. Mas também há muitas oportunidades no streaming…

Nicholas Hoult: Adoro como é algo conveniente, mas também está a acontecer uma mudança rápida. A forma como as coisas são consumidas mudou muito depressa. O “binge-watching” é interessante, porque aconteceu tão depressa. Surge um fenómeno e vemos tudo num dia e acabou…

Elle Fanning: E vemos a próxima coisa.

Nicholas Hoult: Tenho a sensação de que as coisas não são tão apreciadas, não há tanto tempo para isso, para deixarem uma impressão… Mas, ao mesmo tempo, esse é o ritmo da vida neste momento. Por isso, penso que há benefícios, mas também há um aspeto que retira impacto no geral…

Alguma mensagem final para os vossos fãs portugueses?
Elle Fanning: Espero que gostem tanto desta temporada como da primeira. Investimos muito trabalho nela, toda a gente investiu… Por isso, espero que gostem do caminho que os personagens vão fazer.

“The Great” está nomeada para os Globos de Ouro de Melhor Filme, Melhor Ator e Melhor Atriz em Comédia.  É uma produção Hulu disponível em Portugal na plataforma HBO.

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