A polémica de The Crown que pode afetar a reputação do rei: quis Carlos III tirar a mãe do trono com a ajuda do primeiro-ministro? (John Major está furioso)

17 out 2022, 12:09
Filmagens "The Crown" (Peter Summers/Getty Images)

Ex-primeiro-ministro acusa a série de ser um produto de ficção "prejudicial e malicioso"

Não é novo que a série da Netflix "The Crown" não agrada à monarquia britânica, mas a nova temporada - que se estreia a 9 de novembro - está a gerar polémica e até o antigo primeiro-ministro John Major, que esteve no cargo entre 1990 e 1997, foi envolvido na trama.

O caso remonta à decada de 90 e é agora contado na série que retrata a vida da monarquia britânica. O então príncipe Carlos, que viveu na década de 90 um dos seus períodos mais conturbados - separou-se da princesa Diana, enfrentou as acusações de traição, enfrentou o divórcio e viu a princesa Diana morrer em paris -, terá tentado tirar a mãe do trono com a ajuda do primeiro-ministro, alegando que a mãe, na altura com 65 anos, estava a cometer o mesmo erro que a rainha Vitória ao não abdicar para que o seu herdeiro tomasse posse.

Segundo o The Telegraph, que teve acesso prévio aos episódios, John Major já reagiu através de um porta-voz, dizendo que "nunca houve qualquer discussão entre Sir John e o então príncipe de Gales sobre a possibilidade de abdicação da falecida rainha Isabel II". 

O antigo primeiro-ministro vai mais longe e acusa mesmo a produção da autoria de Peter Morgan de ser um produto de ficção "prejudicial e malicioso" e um "disparate total".

"O Sir John não cooperou de forma alguma com The Crown. Nem nunca foi abordado por eles para verificar qualquer material de guião nesta ou em qualquer outra série. Nunca houve qualquer discussão entre Sir John e o então príncipe de Gales sobre a possibilidade de abdicação da falecida rainha Isabel II. [The Crown] deve ser visto como nada além de ficção prejudicial e maliciosa. Um barril de coisas sem sentido vendidas por nenhuma outra razão além de dar o máximo - e totalmente falso - impacto dramático", afirmou o porta-voz de Sir John Major ao The Telegraph. 

O antigo primeiro-ministro criticou ainda a cena em que ele e a mulher, a dama Norma Major, aparecem a criticar os membros sénior da família real como "perigosamente iludidos e fora de tom".

Em resposta às críticas sobre o episódio, a Netflix garante que a "quinta temporada é uma dramatização fictícia" que imagina o que "poderia ter acontecido para lá das portas fechadas durante uma década significativa para a família real".

"Uma [década] que já foi escrutinada e bem documentada por jornalistas, biógrafos e historiadores", avança o comunicado, citado pela revista Hello.

"Má mãe": a polémica adicional

No entanto, as críticas não surgem apenas do antigo primeiro-ministro. Também o biógrafo da rainha-mãe acusa os produtores de "The Crown" de terem inventado a cena em que o príncipe Carlos diz à mãe que ela "devia ser presa" por ser má mãe.

Numa carta enviada ao The Telegraph, William Shawcross classifica a série como "execrável, cheia de mentiras e meias verdades".

"The Crown é uma série execrável, cheia de mentiras e meias verdades envoltas em renda e veludo. É surpreendente e deliberadamente doloroso para os membros da família real e funcionários públicos que não podem responder, muito menos processar por danos", escreve Shawcross, que acusa ainda Peter Morgan de fazer uma "campanha  para abusar” da monarquia e “destruir com mentiras uma instituição vital”.

Além destes dois momentos, a série, que interrompeu as filmagens aquando a morte da rainha por sinal de respeito, retrata ainda o fim do casamento dos príncipes de Gales e a relação da princesa Diana com Dodi Al-Fayed, a relação próxima do duque de Edimburgo com Penny Knatchbull e também o envolvimento de Carlos e Camilla.

Certo é que a estreia da próxima temporada da série tem aumentado o receio de que a reputação do rei Carlos III, cuja coroação acontece a 6 de maio do próximo ano, seja afetada negativamente.

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